A liquidação das políticas de segurança alimentar no Brasil: a fome é feminina

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Por Marina Gusmão de Mendonça na revista Mundo e Desenvolvimento | 14/07/2024

Desde a chegada dos portugueses em 1500, o Brasil tem sido periodicamente assolado pela fome. Esse fenômeno foi recorrente durante todo o período colonial e permaneceu após a Independência. Desde então, surtos de fome têm afetado o Brasil, apesar de o país ter a quinta maior extensão territorial e a sétima maior população do mundo, além de imensos recursos naturais.

Esse quadro trágico só conheceu uma breve interrupção durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), entre 2003 e 2016, quando medidas mais efetivas foram tomadas para enfrentar o flagelo.

O resultado veio em 2014, quando o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou que o Brasil havia cumprido as metas de diminuir pela metade a parcela de sua população que padecia de fome. No entanto, essa conquista foi rapidamente revertida a partir do governo de Michel Temer (2016-2018), com a implementação de uma pauta ultraneoliberal, que levou à piora de todos os indicadores sociais.

A situação se agravou durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), que conduziu o país a uma tragédia humanitária, com mais de 700 mil mortos por Covid-19, 33 milhões de pessoas passando fome, 125 milhões de indivíduos em estado de insegurança alimentar e a quase dizimação do povo Yanomami.

Neste texto, procuramos apontar os elementos que propiciaram a vitória contra a fome e as políticas adotadas a partir de 2016, que levaram à reversão das condições existentes em 2014, indicando também que o retorno do país ao mapa da fome foi especialmente trágico para a população feminina, a mais duramente atingida pela destruição das políticas voltadas para a segurança alimentar.

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Marina Gusmão de Mendonça é Bacharel em História e Direito pela Universidade de São Paulo (USP); Mestre e Doutora em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP); possui Pós-Doutorado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (FFC-UNESP) – campus de Marília; Professora Adjunta do Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN-UNIFESP) – campus de Osasco; Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (FFC-UNESP) – campus de Marília; Pesquisadora Convidada da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da Universidade de São Paulo (Cátedra J. Castro/USP).

Artigo publicado na revista Mundo e Desenvolvimento
v. 7 n. 9 (2024): América Latina na conjuntura pós-pandemia: a crise do sistema e a nova Guerra Fria
Data de Publicação: 14/07/2024
ISSN 2596-108X
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