Cozinhas Comunitárias de Uberlândia

A experiência das sete Cozinhas Comunitárias de Uberlândia, constituídas com o início da Pandemia de COVID-19, já atende, aproximadamente, quatro mil pessoas, e funcionam a partir de doações de alimentos e dinheiro arrecadado por um Grupo de Apoio que coordena a arrecadação, adquire os alimentos e faz a distribuição de acordo com as necessidades de cada uma delas. São arrecadadas doações de ONGs, alimentos doados por agricultores familiares do MST, muitos servidores públicos da Prefeitura Municipal de Uberlândia e da Universidade Federal de Uberlândia fazem doações mensais em dinheiro, além de outros segmentos da sociedade civil, como por exemplo, o grupo de atingidos pelo Coronavírus, que também vem se solidarizando com as ações das Cozinhas.

Cada Cozinha Comunitária funciona com uma coordenadora que organiza um grupo de apoio de cozinheiras. O trabalho voluntário é reconhecido com a doação, pelo Grupo de Apoio às Cozinhas, de uma cesta básica para cada cozinheira ajudante.

Registre-se ainda que as coordenadoras de cada Cozinha converteram-se em refúgio dos moradores nestes tempos de pandemia e elevado desemprego. Elas são procuradas para ajudarem em todo e qualquer problema da comunidade, desde a doação de roupas que arrecadam, ajuda para o encaminhamento em caso de problema de saúde, ou mesmo para intermediar problemas de violência doméstica.

As Cozinhas fornecem alimentação no horário do almoço e sua estratégia de distribuição mudou recentemente. No início eram distribuídas individualmente marmitas descartáveis para as famílias, entretanto, para evitar aglomeração e reduzir os custos da distribuição passou-se a solicitar que cada família trouxesse seus próprios vasilhames. Assim, um membro da família cadastrada retira uma senha por volta das nove horas da manhã, e no horário estabelecido é atendido, com uma quantidade de alimento de acordo com o tamanho de sua família. Em média, cada vasilha atende quatro pessoas por família. Dessa maneira, eliminou-se as filas e o risco de contágio pelo Coronavírus.

Torres

A Cozinha Comunitária das Torres é, sem dúvida, a que ocupa o espaço mais precário dentre todas as cozinhas de Uberlândia. Funcionando em um barraco, fornece, aproximadamente, 150 refeições para moradores de construções precárias.
Os beneficiados com alimentos que acodem a esta Cozinha são moradores de uma recente favela, a Favelinha das Torres, por ser localizada ao lado de torres de telefonia celular. Seu crescimento é muito rápido e nos surpreende, pois Uberlândia era uma cidade que se vangloriava por não ter registro de favelas. Estes demandantes vivem atualmente em situação de pobreza, ou mesmo pobreza extrema, em barrocos precários. Estima-se que são quatrocentos barracos, que crescem diariamente, à beira de uma das rodovias de uma das entradas da cidade.

Cozinha Dom Almir

Cozinha Comunitária do bairro Dom Almir é liderada pela ONG SOS Dom Almir, e funciona em espaço emprestado pela ONG e do escritório de um advogado que encaminha os processos de regularização de várias ocupações em Uberlândia. Ali surgiu a primeira experiência de Cozinhas Comunitárias na cidade.
Atualmente, a Cozinha oferece aproximadamente 1200 marmitas. Suas ações, entretanto, assim como ocorre nas demais Cozinhas, vão para além das doações de alimentos, pois as cozinhas se tornaram referência para as comunidades. Suas lideranças são chamadas a auxiliaram no encaminhamento para resolver problemas de saúde, doação de roupas, e, particularmente, violências domésticas (resultado conflitos entre casais, pais e filhos, droga, etc.)

Cozinha do Glória

A Cozinha do Glória, situada na ocupação do mesmo nome, mas que hoje vem sendo regularizada e recebeu o nome de Bairro Elisson Pietro, funciona nos fundos de uma filial do escritório de advocacia sediado no Bairro Dom Almir. A Cozinha vem oferecendo mais de 700 refeições.
Na comunidade temos elevada densidade populacional de crianças, mulheres e idosos. Voluntárias chegam às sete da manhã e compartilham com muitos moradores de rua o seu café da manhã. Portanto, para estes a alimentação diária se restringe ao que recebem da Cozinha.

Assentamento Maná

Cozinha Comunitária do Maná funciona na casa da Tia Cida, que permitiu que na frente de seu lote fosse construída a cozinha. Na forma de mutirão e com doações de material de construção a cozinha foi erguida e hoje atende aproximadamente 350 pessoas.
No assentamento moram, aproximadamente, 2.500 pessoas, muitos desempregados, e que tiveram perdas de membros da família para o Coronavírus. Atualmente, segundo a coordenadora, registra-se um elevado número de casos de depressão, que cresce na mesma proporção do desemprego e da fome entre as famílias. Mas, apesar da enorme demanda por alimentos e assistência em geral, a liderança comunitária exercida pela Tia Cida, acolhe quem chega na busca de moradia.

Morada Nova

Cozinha Comunitária do Bairro Morada Nova funciona no espaço cedido pela igreja católica. O Morada Nova é um bairro estruturado, e foi constituído principalmente com a construção de residências do Programa Minha Casa, Minha Vida. Porém, semelhante às demais realidade de Uberlândia, o desemprego é uma tônica que assola muitas famílias. Exatamente por isso, de acordo com sua coordenadora, a demanda por alimentos é crescente. Essa é uma Cozinha bem estruturada, pois recebe o apoio da Central dos Movimentos Populares. Inclusive, o número de cozinheiras voluntárias é maior que as demais, o que permite revezamento entre elas e menor desgaste físico para o trabalho.
A Cozinha atende, aproximadamente, 300 famílias, o que representa pelo menos mil pessoas sendo atendidas.

Ocupação Fidel Castro

A mais recente ocupação de Uberlândia ganhou o nome de Fidel Castro e, atualmente, luta pela regularização de sua situação. Nela residem mais de mil famílias em construções precárias que vão sendo melhoras na medida em que surgem empregos.
A Cozinha oferece aproximadamente 250 marmitas de segunda a sexta. E, além dos alimentos elaborados, com a horta comunitária que está sendo formada, pretende fazer distribuição de alimentos frescos para as famílias da comunidade, além de utilizar esses alimentos para preparar suas refeições.

Santa Clara

A Cozinha Comunitária do Ocupação Santa Clara serve aproximadamente 300 refeições. A população da Santa Clara é de aproximadamente mil moradores, com destaque para o elevado desemprego, de acordo com sua coordenadora, que abriu sua casa para que se transformasse em uma Cozinha Comunitária.
Além de servir refeições prontas, são arrecadas pela Cozinha leite e roupas para doações dos moradores. As ações da Coordenadora da Cozinha, entretanto, não se restringem ao combate à fome de sua população, mas, assim como é o caso das coordenadoras das demais Cozinhas, atua fortemente junto as familiar para resolver os problemas de violências doméstica, uma realidade trágica de desemprego e que se verifica largamente nas realidades periférica nessa pandemia.

Créditos dos vídeos
Produção de Antônio César Ortega
Roteiro e Direção de Iara Helena Magalhães
Câmera e Edição de Lucas Cecchino