Ana Carla Sena de Assis e Rocha | Dezembro de 2024
Baixe aqui o estudo “Cidades Comestíveis: um guia agroecológico para cidades mais justas“
Baixe aqui a versão em inglês “Edible Cities: an agroecological guide for fairer cities“
Este guia foi desenvolvido no âmbito do German Chancellor Fellowship, um programa da Fundação Alexander von Humboldt que apoia jovens profissionais de diversos países, incluindo o Brasil. O objetivo do programa é promover futuros líderes em suas áreas, oferecendo a oportunidade de desenvolver um projeto de pesquisa ou inovação na Alemanha por um período de doze meses — no meu caso, entre outubro de 2023 e outubro de 2024. A ideia é que, durante a estadia no país, o pesquisador possa contribuir para o fortalecimento das relações entre seu país de origem e a Alemanha, por meio da troca de conhecimentos e experiências. No contexto deste trabalho, a agricultura urbana de bases agroecológicas foi o elo de ligação entre os dois países.
Além disso, é necessário que o projeto seja apoiado por uma instituição alemã. Dessa forma, a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) foi escolhida para contribuir com este projeto. A GIZ é uma agência de implementação que desempenha um papel fundamental na execução de projetos em nome do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ), em temas relacionados a países do Sul Global. O apoio prestado pela organização permitiu um aprofundamento no tema e a consolidação dos aprendizados registrados neste material.
Durante o fellowship, tive a oportunidade de entrevistar importantes agentes na promoção de uma agricultura (urbana e rural) mais sustentável. Visitei três cidades alemãs — Berlim, Kassel e Andernach — referenciadas neste guia para conversar com agricultores e observar de perto como a agricultura urbana e a agroecologia se desenvolvem no país. Ao mesmo tempo, pude compreender como a Alemanha tem financiado a transição agroecológica ao redor do mundo.
Em contrapartida, apresentei — orgulhosamente — algumas das iniciativas de agricultura urbana que têm se desenvolvido no Brasil. Essas iniciativas vêm ganhando cada vez mais reconhecimento no cenário internacional como bons exemplos de políticas públicas. À distância, mantive diálogo com diversos atores locais, desde gestores municipais até representantes do governo federal e pesquisadores de diferentes instituições. Por meio das trocas proporcionadas por esses encontros, percebi como a resiliência e a criatividade brasileiras já se refletem nas políticas nacionais, com iniciativas inovadoras e inspiradoras.
Foi um período de aprendizado intenso e imersivo, que culminou neste material. Não há intenção, é claro, de esgotar a temática em um espaço de tempo e número de páginas tão limitados. No entanto, espero que os aprendizados construídos ao longo dessa jornada possam contribuir para que gestores municipais se sintam inspirados a construir políticas mais robustas de agroecologia urbana.
Espero que este material inspire ações concretas e contribua para cidades mais justas, sustentáveis e, literalmente, mais comestíveis, por meio da agroecologia.
Ana Carla Sena de Assis e Rocha é advogada, especialista em Direito Público pela PUC Minas, mestre em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais e fundadora do Movimento Cidades Comestíveis (@cidadescomestiveis).


