“Se o recurso não vier para os países em desenvolvimento, não teremos como contribuir para a descarbonização”, disse a diretora-executiva da COP30 no II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, no Rio
Por Victoria Netto no Valor | 26/05/2025
RIO DE JANEIRO | O caminho para atingir uma meta coletiva de financiamento climático (NCQG, na sigla em inglês) no patamar de trilhões de dólares demanda atuação coletiva, com um recurso que “não é caridade”, afirmou, nesta segunda-feira (26), a secretária nacional de mudança do clima e diretora-executiva da conferência climática da ONU no Brasil (COP30), Ana Toni.
“Tem que ser do interesse de todos, ou, do contrário, não vamos conseguir mobilizar os recursos. Se o recurso não vier para os países em desenvolvimento, não teremos como contribuir para a descarbonização”, disse a secretária durante o II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, no Rio.
Entre a COP29 e a COP30, os Estados-Parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) acordaram um valor de US$ 300 bilhões para financiamento climático, mas os países em desenvolvimento consideraram insuficiente.
Um parágrafo incluído no texto final pediu um relatório com caminhos para mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035, a ser desenvolvido pela presidência da COP30, junto com a da COP29, do Azerbaijão. Os dois países lideram esse processo em duas frentes: ouvindo os Estados-Parte via UNFCCC e articulando ministros de Finanças, inspirados nas discussões do G20 presidido pelo Brasil, em 2024.
“Quando a gente está com a obrigação de trazer o relatório, com instrumentos como reforma dos bancos multilaterais, TFFF [Fundo Florestas Tropicais para Sempre], taxações solidárias e temas que espero que estarão no relatório, quero deixar muito claro que conseguir com que o fluxo de financiamento dos países desenvolvidos chegue para os em desenvolvimento não é doação, não é bondade, não é caridade”, afirmou Ana Toni.
De acordo com a secretária, para alcançar a meta, é preciso “trazer para a mesa” ministros de finanças, presidentes de Bancos Centrais, o setor privado, bancos públicos e privados: “Precisamos deles para debater com todos nós o papel de cada um nessa mobilização”, completou.
Publicado originalmente no Valor
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/05/26/financiamento-de-pases-ricos-para-naes-em-desenvolvimento-no-caridade-diz-diretora-da-cop30.ghtml
