Inflação dos alimentos – Outubro de 2025

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Quarta queda consecutiva nos preços de alimentos alivia famílias de menor renda, mas desafios da alimentação fora de casa e itens essenciais persistem

Pacto Contra a Fome | 09/10/2025

Baixe aqui o “Boletim Inflação dos Alimentos | Outubro de 2025

Em setembro, a inflação do país voltou a subir, mas o preço dos alimentos e bebidas manteve a trajetória de queda. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,48%, o grupo de Alimentação e Bebidas caiu -0,26%, marcando a quarta redução consecutiva.

Esse alívio no preço dos alimentos é ainda mais significativo para as famílias de menor renda, que destinam grande parte do orçamento à alimentação. Os alimentos in natura (como frutas, legumes e cereais) ficaram 0,97% mais baratos no mês e, no acumulado de 12 meses, registram alta de 6,37%, pela primeira vez abaixo dos ultraprocessados (+6,98%).

Cesta NEBIN, referência de alimentação saudável e sustentável, também apresentou queda pelo quinto mês consecutivo, passando de R$408 para R$402 por pessoa, o menor valor desde o fim de 2023.

Por outro lado, a alimentação fora do domicílio continua mais cara, ainda que em ritmo menor: subiu 0,11%, após variação de 0,50% em agosto. Essa alta está associada ao aumento nos custos de aluguéis, energia elétrica e mão de obra, além do encarecimento de itens como cervejas e refrigerantes.

O que explica esse cenário?

A queda de preços dentro do domicílio foi puxada principalmente pelos tubérculos, raízes e legumes (-7,85%)hortaliças e verduras (-2,65%) e sal e condimentos (-2,46%).
Entre as maiores altas, destacam-se frutas (+2,40%), especialmente limão (+33,50%)maracujá (+14,78%) e laranja-lima (+12,56%), variações ligadas à sazonalidade e ao clima quente.

O resultado confirma uma acomodação na inflação alimentar desde o segundo trimestre do ano, sustentada por boas safrascâmbio favorável e maior oferta doméstica de produtos básicos. Essa dinâmica tem contribuído para aliviar o custo de vida, sobretudo entre as famílias com menor renda.

Mesmo assim, o acumulado de 6,61% nos últimos 12 meses mostra que os preços dos alimentos continuam em patamar elevado, acima do centro da meta de inflação para 2025.

Alimentação saudável: mais acessível, mas ainda distante

Os alimentos saudáveis (in natura e minimamente processados) ficaram mais baratos, enquanto os ultraprocessados e ingredientes culinários (como óleos e açúcar) voltaram a subir.

Essa tendência reforça a importância de políticas que tornem a alimentação saudável mais acessível, uma vez que, mesmo com a redução recente, uma Cesta NEBIN para uma família de três pessoas ainda representaria R$1.206 mensais. valor elevado diante da renda média das famílias brasileiras.

Olhar atento: economia em desaceleração e preços persistentes

Na “Análise Especial” deste mês, o economista Walter Belik, cofundador do Instituto Fome Zero, destaca que o desaquecimento da economia tende a limitar a renda das famílias, mesmo com o recuo de alguns preços.

Itens essenciais como carne bovina, ovos, óleo de soja e café seguem caros e com pouca perspectiva de queda no curto prazo. “A permanência desses alimentos em níveis elevados, em um contexto de economia mais lenta, torna difícil a situação das famílias”, alerta Belik.

Por que isso importa?

Monitorar o comportamento dos preços dos alimentos é fundamental para entender como as famílias estão sendo afetadas pela inflação e orientar políticas públicas que assegurem o direito humano à alimentação adequada.

Desde janeiro de 2025, o Pacto Contra a Fome divulga mensalmente o Boletim da Inflação dos Alimentos, reunindo análises e indicadores que ajudam a compreender esse cenário e seus impactos sobre a segurança alimentar no Brasil.

Baixe aqui o “Boletim Inflação dos Alimentos | Outubro de 2025

Publicado originalmente pelo Pacto Contra a Fome
https://pactocontrafome.org/inflacao-dos-alimentos-outubro-de-2025/