Armazém Solidário terá alimentos, itens de higiene e produtos de limpeza com preço, em média, 30% mais barato
Por André Vieira no ORBI | 09/02/2023
A Prefeitura de São Paulo espera inaugurar ainda no primeiro quadrimestre deste ano os primeiros Armazéns Solidários, que vão funcionar como supermercados exclusivos para famílias em extrema pobreza comprarem alimentos pagando menos.
De acordo com o projeto, os postos vão vender comida e produtos de limpeza e higiene pessoal – como arroz, feijão, hortifrútis, detergente e sabonete –, a preços subsidiados pelo município, em média 30% mais baratos do que no comércio tradicional. A ideia é ter não só unidades fixas, mas também levar o serviço para caminhões itinerantes e boxes em mercados públicos.
O plano prevê que só as pessoas cadastradas no CadÚnico – banco de dados nacional que registra as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza para inclusão em programas sociais – poderão fazer as compras nos armazéns. A capital tem hoje 1,8 milhão de famílias inscritas.
Secretário-executivo de Abastecimento da prefeitura, Carlos Fernandes afirmou à Orbi que o processo de licitação para a reforma dos imóveis que vão receber as cinco primeiras unidades foi concluído em dezembro e que as obras começam em breve.
As lojas fixas serão montadas nas regiões do Jaraguá e City Jaraguá, na zona norte, São Miguel Paulista e Cidade Tiradentes, na zona leste, e Cidade Dutra, na zona sul – todos pontos de grande vulnerabilidade social.
A compra dos alimentos e a operação dos armazéns ficará a cargo de um parceiro, que ainda será selecionado em concorrência pública. “Será uma OS, uma organização social, como as OSs da Saúde [que administram hospitais]. Além disso, teremos mecanismos de controle de preço.”
Caminhão e box. Para fazer com que o serviço alcance outras regiões além daquelas que terão unidades fixas, a prefeitura também planeja lançar os Armazéns Solidários em outras duas modalidades: em caminhões e em boxes nos mercados e sacolões municipais.
“Esse caminhão pode ir pela manhã em um conjunto habitacional, por exemplo, durante a noite estar em outro ponto e voltar a estes locais depois de 15 dias. O mix de produtos será reduzido, mas terá o essencial, com proteínas, cereais e itens de higiene e limpeza”, afirmou Fernandes.
Nos mercados e sacolões municipais, a ideia é aproveitar a estrutura já existente e montar uma versão menor do Armazém Solidário em boxes e espaços ociosos.
Segundo o secretário-executivo, os armazéns vão privilegiar produtos orgânicos, não terão ultraprocessados e vão reservar espaço para distribuição de alimentos que a prefeitura recebe como doação – e que os consumidores poderão retirar, sem custos.
Mais do que alimentar as pessoas, o plano é empoderá-las para que elas decidam o que comprar, com liberdade, mas dentro da política de segurança alimentar, com produtos naturais e menos industrializados. Quando a pessoa tem pouco dinheiro, entre a carne e a salsicha, ela compra a salsicha, porque é mais barato. O que queremos é dar poder de compra para que ela possa escolher a carneCarlos Fernandes, secretário-executivo de Abastecimento
Fundo já tem R$ 190 milhões
Os Armazéns Solidários foram anunciados oficialmente pela prefeitura em junho do ano passado e fazem parte do Programa de Segurança Alimentar e Nutricional da capital, que será custeado pelo Fundo de Abastecimento Alimentar de São Paulo.
Segundo o secretário-executivo de Abastecimento, Carlos Fernandes, o fundo já tem cerca de R$ 190 milhões em recursos para investimento nos Armazéns Solidários e em outros projetos associados.
A lei que criou o programa e o fundo foi aprovada em regime de urgência na Câmara, o que gerou críticas da oposição, que se queixou da falta de debate. Em julho, o texto já estava oficializado e regulamentado pelo governo. O programa foi lançado no momento em que reportagens e pesquisas mostravam o avanço da miséria pela capital, com o visível aumento da população de rua e do contingente de famílias precisando de todo tipo de ajuda.
Novidade em São Paulo, os supermercados que vendem itens a preços subsidiados existem em outros pontos do país, como em Curitiba. Na capital paranaense, o Armazém da Família, como é chamado, tem 35 unidades e recebe famílias com renda bruta mensal de até cinco salários mínimos.
Publicado originalmente no ORBI
https://orbi.band.uol.com.br/sao-paulo/sao-paulo-vai-abrir-mercado-so-para-familias-pobres-ate-abril-3734