Preocupado com a miséria no país, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, mobilizou toda a sociedade para enfrentar um problema urgente na época: levar comida a quem que não tinha. A campanha e o lema jamais foram esquecidos: ‘Quem tem fome, tem pressa’.
Jornal Nacional |da Rede Globo | 24/04/2023
Há exatos 30 anos, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criou o maior movimento social de combate à fome no Brasil. Até hoje, a Ação da Cidadania, se empenha em livrar o Brasil da miséria.
Depois de 30 anos, Carlos Alberto mantém a mesma disposição. Seu Nonô é voluntário da Ação da Cidadania desde o dia em que a entidade foi criada. Hoje, aos 74 anos, entrega cestas para 100 famílias – onde elas estiverem.
“Nós vamos estar aqui sempre e sempre agradecendo nosso saudoso Herbert de Souza, que foi um pedal, um eixo muito forte”, diz Carlos Alberto de Campos.
O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criou a Ação da Cidadania em 1993, preocupado com a miséria no país. Ele mobilizou toda a sociedade para enfrentar um problema urgente na época: levar comida a quem que não tinha. A campanha e o lema jamais foram esquecidos: “Quem tem fome, tem pressa”.
“Não é simplesmente uma campanha para atender os pobres. É para mudar o país. Agora, não se pode falar em mudar o país com 32 milhões de pessoas na indigência”, disse Betinho em 1993.
Durante essas três décadas, foram arrecadados e distribuídos 55 milhões de quilos de alimentos. Mesmo com toda a mobilização e esforço, o país não conseguiu se livrar desse flagelo de forma permanente.
Quando começou, há 30 anos, a Ação da Cidadania ocupava um espaço dentro de um prédio do Banco do Brasil, no Centro do Rio. Hoje são 14 mil m² na Zona Portuária, com dois barracões enormes. Foi preciso crescer para enfrentar o problema que voltou, e ainda mais grave.
Em 2013, o Brasil chegou a sair do mapa da fome. Segundo especialistas, consequência de políticas públicas de distribuição de renda, valorização do salário mínimo e incentivo da agricultura familiar. Mas, três anos depois, a situação começou a piorar de novo. E, em 2018, o país estava de volta a esse mapa.
Em 2022, uma pesquisa da Rede Penssan, que reúne pesquisadores de universidades e instituições de todo o país, mostrou que 33 milhões de brasileiros passam fome atualmente. Em 1993, eram 32 milhões.
Hoje, além das cestas, a Ação da Cidadania passou a doar comida pronta, porque muitas famílias têm dificuldades para pagar o gás de cozinha. Daniel Carvalho de Souza, filho de Betinho e presidente do Conselho da Ação da Cidadania, diz que é preciso mais do que solidariedade para acabar com a fome.
“A Ação da Cidadania e muitas entidades estão o tempo todo dando alimento, porque a gente entende que as pessoas precisam comer nesse momento. Mas isso é função do poder público. Só o poder público, só as políticas públicas poderão resolver o problema da fome nesse país. Foi assim que a gente saiu do mapa da fome”, explica Daniel Carvalho de Souza.
Seu Nonô tem fôlego para continuar como voluntário se for preciso, mas o maior desejo dele também é ver todos os brasileiros tendo o que comer sem precisar de ajuda.
“É ótimo dar essa cesta. Me sinto muito bem. Mas vou me sentir melhor quando não for necessário a gente doar”, diz.
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