Fome em Gaza

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Escassez de comida, água e refúgio em Rafah

Por Elda Cantú no New York Times | 15/03/2024

Esta semana teve início o Ramadã, o período mais sagrado do Islã, quando os fiéis jejuam durante o dia e se reúnem para compartilhar o Iftar, um banquete ao pôr do sol. Este ano, o feriado coincide com o aumento das condições de fome em Gaza, cercada por Israel na guerra contra o Hamas. E, de acordo com os habitantes do território, “não há alegria”.

Juntamente com outros esforços internacionais, a organização de ajuda World Central Kitchen, fundada pelo chef espanhol José Andrés, está trabalhando para levar mais alimentos para a área. No início deste ano, a ONU estimou que metade da população de Gaza corria o risco de morrer de fome.

Em Rafah, a parte mais ao sul de Gaza, os dias têm se tornado mais difíceis. A maioria dos 2,2 milhões de habitantes do enclave de Gaza está refugiada lá e os dias são definidos pela busca diária por comida, água e abrigo. Khalid Shurrab, um trabalhador voluntário de uma organização beneficente de 36 anos, disse recentemente aos repórteres Bilal Shbair e Ben Hubbard: “Temos duas opções: ficar como estamos ou enfrentar nosso destino, a morte”.

Em Gaza, o gás de cozinha é tão escasso que o ar fica sujo com a fumaça das fogueiras que queimam madeira recuperada e pedaços de móveis [Crédito: Said Khatib/AFP]
Em Gaza, o gás de cozinha é tão escasso que o ar fica sujo com a fumaça das fogueiras que queimam madeira recuperada e pedaços de móveis [Crédito: Said Khatib/AFP]

Os EUA e outros atores globais estão pressionando Israel para permitir que os suprimentos sejam entregues na área. Vários países enviaram ajuda de paraquedas com aeronaves militares e há planos de construir uma doca flutuante.

Na quarta-feira, as autoridades israelenses permitiram a entrada de um pequeno comboio no norte de Gaza com alimentos para 25.000 pessoas, uma área que os grupos de ajuda humanitária vêm tentando acessar há meses. Alguns analistas temem que a ajuda seja muito pouca e muito tarde.

“É uma sensação muito diferente em comparação com os anos anteriores”, disse o jornalista Bassam Abu al-Rub, da Cisjordânia, a Hiba Yazbek, repórter do Times em Jerusalém. “Fui ao supermercado e comprei apenas ingredientes básicos porque, quando nos sentamos à mesa para comer depois de ver as cenas em Gaza, ficamos desolados, com o coração partido.

Tradução: Blog do IFZ

Publicado no New York Times
https://www.nytimes.com/es/2024/03/15/espanol/hambre-gaza-israel.html