Fome Zero 2028: Plano da República Dominicana para acabar com a fome

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Blog do IFZ | 03/12/2024

O Plano Fome Zero e a ambição do presidente Abinader

O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, anunciou um ousado compromisso de erradicar a fome no país até 2028, um marco que, se alcançado, colocará a nação como referência regional no combate à insegurança alimentar. O programa, batizado de Plan Hambre Cero 2028, foi apresentado como uma extensão das políticas que já têm mostrado resultados positivos durante sua gestão.

Abinader destacou, em pronunciamento oficial, que a estratégia incluirá a ampliação de refeitórios populares, que passaram de 35 para 134 em apenas quatro anos, além da identificação e priorização de “zonas críticas” de fome no país. Ele também reiterou a intenção de duplicar os benefícios sociais oferecidos por programas como Supérate e Comer es Primero, que já atendem mais de um milhão de dominicanos.

Luis Abinader, presidente da República Dominicana
Luis Abinader, presidente da República Dominicana

Além disso, o presidente prometeu atacar a pobreza de maneira abrangente, com metas de redução da pobreza geral para 15% e da pobreza extrema para menos de 1% até 2028. Outros objetivos incluem acesso universal à água potável, criação de empregos formais para 80% dos universitários recém-formados e construção de moradias dignas e seguras.

Abinader enfatizou que essas iniciativas estão em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os que tratam de erradicação da pobreza, fome zero, acesso à água e crescimento econômico sustentável.

FAO reforça apoio técnico e estratégico

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) saudou o compromisso de Abinader e prometeu apoio técnico para garantir o sucesso do Plan Hambre Cero 2028. Rodrigo Castañeda Sepúlveda, representante da FAO na República Dominicana, afirmou que o sucesso dessa iniciativa depende de um forte compromisso político aliado a estratégias robustas para fortalecer os sistemas agroalimentares e aumentar o acesso a alimentos nutritivos.

“Erradicar a fome não é apenas disponibilizar alimentos, mas garantir que as famílias mais vulneráveis tenham meios econômicos para adquiri-los. Por isso, programas como Supérate e a alimentação escolar são cruciais, além da valorização de salários nos setores mais pobres”, destacou Castañeda.

Rodrigo Castañeda, representante da FAO na República Dominicana
Rodrigo Castañeda Sepúlveda, representante da FAO na República Dominicana

A FAO também reconheceu os avanços recentes do país, que conseguiu reduzir a taxa de subalimentação de 8,7% para 5,6% entre 2019 e 2023, mas alertou que alcançar a meta de menos de 2,5% até 2028 exigirá esforços ainda maiores.

O apoio da FAO incluirá consultoria técnica para otimizar a distribuição de alimentos, investimentos em infraestrutura agrícola e capacitação de trabalhadores rurais. Além disso, será priorizada a integração de pequenos agricultores nas cadeias produtivas, garantindo sua sustentabilidade econômica e maior impacto social.

Um olhar para o passado: planos ambiciosos e seus desafios

O compromisso de Abinader não é o primeiro esforço governamental para enfrentar a fome e a pobreza na República Dominicana. Governos anteriores também prometeram transformar a realidade social do país, com resultados mistos.

Durante seus mandatos (2012-2020), Danilo Medina lançou o Programa general Quisqueya sin Miseria, composto por três macro-iniciativas: Quisqueya Aprende Contigo — programa de alfabetização de jovens e adultos —, Quisqueya Empieza Contigo — programa de atenção à primeira infância — e Quisqueya Digna — plano nacional de redução da pobreza extrema e inclusão social. Embora tenham ocorrido avanços, as críticas recaíram sobre a falta de continuidade e eficácia de algumas ações.

Já Leonel Fernández, em sua gestão, priorizou programas como Comer es Primero, voltado à assistência alimentar para famílias em extrema pobreza, além de iniciativas para reduzir a evasão escolar e apoiar idosos em situação de vulnerabilidade. Apesar de progressos pontuais, os desafios estruturais limitaram o impacto a longo prazo.

Essas experiências mostram que promessas ambiciosas precisam ser acompanhadas de planejamento detalhado, execução eficiente e uma política de continuidade entre governos.

Desafios e esperança no caminho para 2028

A história de esforços anteriores destaca as dificuldades de implementar mudanças duradouras em um país com desigualdades regionais e dependência econômica de setores vulneráveis. No entanto, o apoio da FAO e o compromisso do governo Abinader trazem renovadas esperanças.

Se bem-sucedido, o Plan Hambre Cero 2028 não será apenas um marco histórico para a República Dominicana, mas também uma inspiração para outras nações em desenvolvimento que enfrentam desafios semelhantes. Contudo, o futuro dessa iniciativa dependerá da capacidade do governo de superar os obstáculos e traduzir promessas em ações concretas e sustentáveis.

A jornada até 2028 será desafiadora para a sociedade e o governo dominicano, mas carrega a promessa de um futuro mais justo, onde nenhum dominicano precise ir dormir com fome.

Com informações do Listin Diario