OXFAM | 25/06/2025
Autores: Omar Ghannam, Nabil Ahmed, Anthony Kamande, Iñigo Macías Aymar, Anna Marriott e Rebecca Riddell
Há uma década, os países do mundo firmaram um compromisso em torno de uma visão de bem comum: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — e um plano para alcançá-los, a Agenda de Ação de Adis Abeba. Dez anos depois, esse esforço está em colapso. Quase metade da população mundial — mais de 3,7 bilhões de pessoas — vive na pobreza, enquanto a injustiça de gênero, a fome e outras violações de direitos humanos básicos permanecem amplamente disseminadas. Desde 2015, o 1% mais rico da população mundial acumulou ao menos US$ 33,9 trilhões em riqueza real — valor suficiente para acabar com a pobreza anual 22 vezes. Apenas os bilionários — cerca de 3.000 indivíduos — aumentaram sua fortuna em US$ 6,5 trilhões em termos reais, superando o custo anual estimado de US$ 4 trilhões necessário para alcançar os ODS.
Os países ricos vêm promovendo os maiores cortes na ajuda externa desde o início dos registros históricos, em 1960. Uma análise da Oxfam revela que apenas os países do G7 — responsáveis por cerca de três quartos de toda a ajuda oficial — estão reduzindo seus repasses em 28% entre 2024 e 2026. Atualmente, cerca de 60% dos países de baixa renda encontram-se em situação de sobreendividamento ou sob alto risco de chegar a esse ponto, enquanto o peso da dívida dos países de renda média atingiu seu nível mais alto em três décadas. Apenas 16% das metas dos ODS estão no caminho certo para serem cumpridas até 2030.
O novo relatório da Oxfam analisa as falhas de uma abordagem centrada em investidores privados como forma de financiar o desenvolvimento. O esforço de uma década dos principais atores internacionais para redefinir sua missão em função dos interesses de grandes agentes financeiros do Norte Global resultou em danos significativos e mobilizou apenas volumes irrisórios de recursos. A análise também destaca o papel dos credores privados — que hoje superam os doadores bilaterais em cinco vezes e são responsáveis por mais da metade da dívida dos países de baixa e média renda — no agravamento da atual crise da dívida.
