Blog do IFZ | 17/11/2024
Na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, será anunciada a maior iniciativa global já realizada para erradicar a fome e a pobreza extrema até 2030. Liderada pelo Brasil, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza mobilizará governos, organizações internacionais e bancos de desenvolvimento para implementar políticas públicas comprovadas, como transferências de renda, merendas escolares e apoio à agricultura familiar. Entre as metas estão alcançar 500 milhões de pessoas com programas sociais, garantir refeições escolares para 150 milhões de crianças e ampliar o acesso à água em comunidades vulneráveis. Com bilhões em financiamento do Banco Mundial e do BID, a iniciativa é descrita como um marco de cooperação global, visando cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e transformar a vida de milhões.
Uma coalizão global de países, organizações multilaterais e bancos de desenvolvimento anunciou o maior esforço já realizado para erradicar a fome e reduzir a pobreza extrema, alinhado ao iminente lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. O ambicioso programa, chamado “Sprints 2030”, busca transformar a vida de centenas de milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de políticas públicas baseadas em evidências.
Os compromissos incluem a expansão de programas de transferência de renda, alimentação escolar, inclusão socioeconômica, saúde materna e infantil, apoio à agricultura familiar e acesso à água. Esses esforços representam uma tentativa inédita de acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os relacionados à erradicação da fome (ODS 2) e da pobreza extrema (ODS 1), ambos gravemente fora da trajetória.
Uma resposta à crise global
Atualmente, as projeções indicam que 622 milhões de pessoas viverão abaixo da linha da pobreza extrema (US$ 2,15 por dia) em 2030, o dobro do número necessário para cumprir a meta dos ODS. Da mesma forma, 582 milhões de pessoas ainda enfrentarão a fome, número alarmante e inalterado desde 2015.
Diante desse cenário, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou a urgência da iniciativa. “Enquanto houver famílias sem comida em suas mesas e jovens sem esperança, não haverá paz. Sabemos que é possível acabar com a fome e a pobreza com políticas públicas bem desenhadas, como o Bolsa Família e refeições escolares nutritivas. O mundo precisa priorizar quem mais precisa.”
Os pilares do esforço global
1. Transferências de renda para 500 milhões de pessoas
Inspirado em programas como o Bolsa Família (Brasil) e Oportunidades (México), o objetivo é expandir sistemas de proteção social para famílias em situação de vulnerabilidade em países como Togo, Chile e Nigéria. Soluções como sistemas de pagamento digital e registros sociais centralizados permitirão maior eficiência na entrega dos benefícios.
Anneliese Dodds, ministra do Desenvolvimento do Reino Unido, destacou: “Esses programas são transformadores. Pela primeira vez, vemos uma coalizão tão ampla para expandir transferências de renda globalmente, salvando e transformando vidas.”
2. Merendas escolares para 150 milhões de crianças
Com fome e pobreza infantil endêmicas, a meta é dobrar o alcance de programas de alimentação escolar até 2030. Países como Indonésia e Nigéria assumiram compromissos significativos para ampliar suas iniciativas.
Cindy McCain, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), reforçou a importância dessas ações: “As refeições escolares são fundamentais para combater a desigualdade e garantir o acesso à educação. Elas não apenas alimentam crianças, mas também fortalecem comunidades e economias locais.”
3. Inclusão socioeconômica para 100 milhões de pessoas
Programas de capacitação, microcrédito e suporte econômico terão foco especial em mulheres, promovendo autonomia financeira e inclusão no mercado de trabalho. O Brasil lançará o “Programa Acredita”, visando beneficiar 6 milhões de pessoas, enquanto o Quênia expandirá suas ações para apoiar 50 mil famílias.
4. Apoio à agricultura familiar
Pequenos produtores, responsáveis por até 70% dos alimentos consumidos em países de baixa renda, receberão apoio estratégico. Iniciativas como a cooperação Sul-Sul do Brasil visam conectar agricultores a programas de merenda escolar, garantindo segurança alimentar e desenvolvimento local.
Alvaro Lario, presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), ressaltou: “Para erradicar a fome, precisamos de mais investimentos estratégicos na agricultura. Pequenos produtores precisam de acesso a financiamento, tecnologia e terra.”
5. Água potável e irrigação para comunidades vulneráveis
Água é essencial para consumo humano e para a agricultura em regiões áridas. Países como Bolívia e Senegal lideram iniciativas que combinam tecnologias acessíveis, como cisternas, com práticas tradicionais, garantindo a segurança hídrica e alimentar em áreas rurais.
Álvaro Mollinedo, vice-ministro de Desenvolvimento Agrícola da Bolívia, afirmou: “Cisternas são soluções simples, mas transformadoras, que levam dignidade e segurança hídrica a famílias vulneráveis.”
Financiamento e parcerias
O esforço está sendo sustentado por uma mobilização financeira sem precedentes. O Banco Mundial, por meio da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), anunciou um aporte de US$ 25 bilhões, enquanto o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) comprometeu-se a apoiar a implementação de políticas públicas na América Latina.
“O BID está comprometido em transformar esses compromissos em ações concretas. Sob a liderança do Brasil, temos os recursos e a expertise para acabar com a pobreza extrema na região até 2030,” afirmou Ilan Goldfajn, presidente do BID.
Um movimento contínuo
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, liderada pelo G20, representa uma nova estrutura para coordenação global e implementação de políticas de larga escala. Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social do Brasil, reforçou: “Sabemos o que funciona. Com vontade política e inclusão dos pobres no orçamento, é possível acabar com a fome e a pobreza extrema. Este é apenas o começo.”
A Cúpula de Líderes do G20 no Rio marca um ponto de partida decisivo. O convite para que mais governos e parceiros se juntem a este esforço global é claro: garantir um futuro em que ninguém seja deixado para trás.
Com informações da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
https://globalallianceagainsthungerandpoverty.org/pt-br/