Geladeiras Solidárias
Para amenizar os efeitos da pandemia, uma importante inovação no combate à fome surgiu em Uberlândia, onde um pequeno grupo de ativistas sociais criaram as Geladeiras Solidárias com a intenção de atender aos moradores de rua. Atualmente são três geladeiras espalhadas por Uberlândia que oferecem, em média, 100 refeições diariamente, de segunda a domingo, com o lema “Quem tem põe. Quem não tem tira.”
Cada geladeira tem sua própria coordenação local que é responsável por mantê-la funcionando, limpa e abastecida com café da manhã, almoço e jantar. Cada cidade tem uma coordenação geral responsável por supervisionar e facilitar o relacionamento com a comunidade e com os orgãos municipais de fiscalização e segurança.
Além da assistência alimentar, é oferecido higiene pessoal e vestimenta com doações. Através das geladeiras se oferece, de forma segura e voluntária, alimentação para aqueles que vivem na rua e passam fome, uma população que cresce a olhos vistos. Ressalte-se, ainda, a grande preocupação dos organizadores com a qualidade dos alimentos disponibilizados, daí a importância de uma coordenadora por Geladeira Solidária.
Do mesmo modo que a distribuição de alimentos feitos por grupos socorristas, no caso da geladeira solidária a comida vai até o faminto e não o faminto vem à comida, no entanto, diferentemente ela está disponível o dia todo, e não apenas no período de tempo em que se dá a distribuição, o que aumenta a sua capacidade de atendimento da demanda por alimentos e produtos de higiene.
Lilian Machado de Sá, ativista social que nos apresentou o programa, explica que “a iniciativa é muito simples e descomplicada: basta uma geladeira instalada num lugar adequado e uma campanha de divulgação pedindo e orientando aos moradores da redondeza como manter a geladeira abastecida de alimentos. As geladeiras são limpas, preparadas com adesivos explicativos e, pronto, isso é tudo para que o ponto de abastecimento comece a funcionar.”
A iniciativa das Geladeiras Solidárias, além de ser inovadora, é muito promissora pela sua simplicidade para ser implementada e pela capacidade de ampliar os circuitos de solidariedade e inclusão social. O Prof. Antônio César Ortega, da Universidade Federal de Uberlândia aponta que “mesmo trabalhando como consultor da FAO no Programa Fome Zero, me surpreendi com uma iniciativa tão simples e inclusiva quanto essa, pois as geladeiras solidárias permitem que anônimos – pessoas invisíveis -, alimentem aqueles que são invisibilizados pela fome. E isso é mágico”.
Fotos de Antônio César Ortega