Queda dos preços dos alimentos in natura traz alívio, mas juros altos ainda pressionam orçamento neste fim de ano
Pacto Contra a Fome | 12/12/2025
Baixe aqui o “Boletim Inflação dos Alimentos | Dezembro de 2025”
A inflação dos alimentos segue em desaceleração no Brasil, impulsionada principalmente pela queda nos preços dos alimentos in natura e minimamente processados. Desde maio de 2025, esse grupo registra retração, embora o acumulado de 12 meses ainda aponte uma alta de 1,52%. Compreender os fatores que influenciam esses movimentos de preços é essencial para avaliar o acesso à alimentação saudável no país.
Variações climáticas e oferta explicam volatilidade dos in natura
Os preços dos alimentos in natura são historicamente mais sensíveis às condições climáticas e à disponibilidade de safra. Em períodos de abundância, as quedas são rápidas e expressivas. Por outro lado, choques de produção — como secas, excesso de chuvas ou problemas logísticos — podem elevar os preços de forma abrupta, afetando sobretudo as famílias de baixa renda, que destinam parcela maior do orçamento à alimentação.
Essa volatilidade reforça a importância de políticas estruturais que garantam estabilidade produtiva, escoamento eficiente e apoio a agricultores familiares.
Estabilidade dos preços de Alimentos e Bebidas segurou a inflação de novembro
Em novembro, a relativa estabilidade da categoria Alimentos e Bebidas do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) ajudou a conter a inflação geral do mês, pressionada principalmente pelas altas nos grupos Despesas Pessoais e Habitação. Essa estabilidade foi favorecida por três fatores:
- Boas safras agrícolas, que ampliaram a oferta.
- Câmbio favorável, que reduziram custos de importação de insumos.
- Maior oferta doméstica de produtos básicos.
Como resultado, a alimentação no domicílio apresentou queda, aliviando o orçamento das famílias.
Queda dos preços não resolve o desafio do acesso à alimentação saudável
Mesmo com o recuo no preço dos alimentos básicos, o acesso à alimentação adequada e saudável continua sendo um obstáculo significativo. A cesta NEBIN, que mede o custo de uma alimentação nutricionalmente equilibrada, atingiu o menor valor em dois ano, ainda assim, para uma família de três pessoas, essa cesta representa uma despesa mensal de R$ 1.185 — valor elevado para grande parte da população.
Essa distância entre preços mais baixos e acesso real revela um desafio estrutural: não basta que os alimentos custem menos; é preciso garantir renda, políticas de segurança alimentar e ambientes alimentares que favoreçam escolhas saudáveis.
Inflação desacelera, mas juros altos continuam pressionando a economia
Apesar da desaceleração inflacionária, o cenário econômico ainda é marcado por juros altos, que limitam o consumo das famílias e travam o crescimento econômico. Um indicador preocupante é a queda no ritmo de expansão do volume consumido: de um crescimento acumulado de 5% em 12 meses, o índice recuou para 1,4% em setembro.
Especialistas alertam para um risco crescente: a substituição de alimentos saudáveis por opções mais baratas e ultraprocessadas, especialmente em um contexto de endividamento elevado e renda comprimida. Essa tendência acende um alerta sobre os impactos na saúde pública e no bem-estar das famílias brasileiras.
Baixe aqui o “Boletim Inflação dos Alimentos | Dezembro de 2025”
Publicado originalmente pelo Pacto Contra a Fome
https://pactocontrafome.org/inflacao-dos-alimentos-dezembro-de-2025/
