Iniciativas globais de combate à fome (2009-2024)

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Blog do IFZ | 05/03/2025

Nos últimos 15 anos, o mundo testemunhou diversas iniciativas internacionais para combater a fome e melhorar a segurança alimentar, principalmente em áreas mais vulneráveis. Organizações como o G7/G8, G20, FAO, FMI e Banco Mundial foram responsáveis por muitas dessas ações, com foco no financiamento de projetos e na implementação de políticas públicas globais.

No entanto, muitas dessas iniciativas surgiram como respostas a crises alimentares específicas, o que dificulta sua continuidade a longo prazo. Um dos maiores desafios é que os mesmos países e bancos internacionais costumam ser os principais financiadores dessas ações, concentrando os recursos em poucos doadores e dificultando a diversificação e estabilidade dos fundos.

Sem um plano global coordenado, essas ações acabam sendo dispersas. A falta de colaboração leva à repetição de esforços, ao desperdício de recursos e à competição por financiamento, reduzindo a eficácia e impedindo o sucesso de projetos de longo prazo.

As crises alimentares, agravadas por conflitos, mudanças climáticas e pandemias, exigem respostas rápidas e bem coordenadas. No entanto, muitas iniciativas funcionam de forma isolada, o que dificulta a criação de resiliência e uma resposta eficiente às emergências.

Para combater a fome de forma eficiente, é essencial que as diferentes iniciativas internacionais trabalhem juntas. A coordenação dos esforços e o financiamento integrado são fundamentais para garantir intervenções eficazes e o desenvolvimento sustentável dos sistemas alimentares. Em um mundo cada vez mais complexo e interligado, a falta de coordenação reduz o impacto dessas ações, resultando em soluções fragmentadas que não abordam as causas profundas da fome.

O relatório SOFI 2024 (Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo) destaca a necessidade de um financiamento contínuo e coordenado. Sem uma estratégia clara e integrada, os avanços podem ser perdidos em tempos de crise. A dependência de poucos doadores e a falta de previsibilidade financeira dificultam a implementação de políticas de longo prazo, essenciais para fortalecer comunidades vulneráveis.

Além de recursos financeiros, a cooperação técnica e política é crucial. Alinhar metas, definir papéis e compartilhar informações são passos importantes para evitar duplicações e falhas nas respostas globais. O SOFI 2024 também reforça a importância de sistemas alimentares inclusivos e resilientes, garantindo que pequenos produtores e comunidades vulneráveis, muitas vezes ignorados em emergências, sejam incluídos nas políticas.

A crise alimentar está ligada a outros problemas globais, como pobreza, desigualdade e degradação ambiental. Por isso, um mecanismo de financiamento que leve em conta essas questões seria mais eficaz para resolver a insegurança alimentar. Sem uma abordagem colaborativa que envolva vários setores, será difícil alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030, especialmente o ODS 2 – Fome Zero.

Principais Iniciativas Globais

2009 | G20 – Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)

BIFT scales up catalytic finance for underserved agricultural entrepreneurs in low-income countries
GAFSP Mission

O Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP) foi lançado pela presidência estadunidense do G20 em 2010, com o objetivo de enfrentar os desafios globais de fome e insegurança alimentar. Focado em apoiar os países mais pobres e vulneráveis, o GAFSP busca melhorar a produção agrícola, fortalecer a segurança alimentar e promover o desenvolvimento rural sustentável. Essa iniciativa foi impulsionada pela crise alimentar de 2007-2008, que expôs as fragilidades dos sistemas alimentares globais.

O GAFSP é financiado por uma parceria entre governos, o setor privado e organizações internacionais, incluindo o Banco Mundial, que atua como gestor financeiro do programa. Desde sua criação, o GAFSP tem apoiado projetos em mais de 50 países, com ênfase no aumento da produtividade agrícola, no acesso a mercados e na resiliência diante das mudanças climáticas. Um dos principais focos é o fortalecimento das pequenas propriedades agrícolas, que representam a maioria dos agricultores nos países em desenvolvimento.


2009 | G7/G8 – Iniciativa de Segurança Alimentar de L’Aquila

G8 joint statement on global food security – L’Aquila Food Security Initiative (AFSI)
L’Aquila Food Security Initiative Final Report 2012

A Iniciativa de Segurança Alimentar de L’Aquila foi lançada em 2009 durante a cúpula do G8 em L’Aquila, Itália, como resposta à crescente crise alimentar global. Liderada pelos países do G8, a iniciativa visava mobilizar recursos financeiros significativos para fortalecer a segurança alimentar e nutricional em regiões vulneráveis. O compromisso envolveu mais de US$ 20 bilhões para apoiar a produção agrícola, melhorar a nutrição e aumentar a resiliência dos sistemas alimentares nos países em desenvolvimento.

A iniciativa enfatizou a agricultura como um motor essencial para o desenvolvimento econômico e social, incentivando investimentos em infraestrutura, tecnologias inovadoras e capacitação de pequenos produtores. Também promoveu parcerias com organizações internacionais e ONGs, garantindo que os esforços fossem coordenados e eficazes.


2009 | G7/G8 – A Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional

L’Aquila Food Security Initiative (AFSI) 2012 Report

Lançada em 2012 pela presidência estadunidense G8, a Nova Aliança para a Segurança Alimentar e Nutricional tinha como objetivo estabelecer uma parceria entre governos, setor privado e organizações da sociedade civil para promover o crescimento agrícola sustentável na África. Essa iniciativa foi impulsionada pelo reconhecimento de que o investimento privado é crucial para alcançar a segurança alimentar em uma escala maior e mais rápida. A Nova Aliança comprometeu-se a levantar bilhões de dólares em investimentos agrícolas, visando beneficiar mais de 50 milhões de pessoas ao longo de 10 anos. O foco estava em aumentar a produtividade agrícola, melhorar o acesso ao mercado e fortalecer as cadeias de valor agrícolas nos países africanos. As reformas políticas, os investimentos em infraestrutura e a introdução de novas tecnologias foram componentes essenciais dessa iniciativa, buscando não apenas garantir o acesso a alimentos, mas também criar oportunidades econômicas que pudessem tirar as pessoas da pobreza. A Nova Aliança demonstrou que a colaboração entre diferentes setores pode ser um catalisador poderoso para o desenvolvimento rural, promovendo um crescimento inclusivo e sustentável que beneficia tanto os pequenos agricultores quanto as comunidades onde vivem.


2012 | Nações Unidas – Desafio Fome Zero

Zero Hunger Challenge (ZHC)

O Desafio Fome Zero, lançado pela ONU em 2012, foi uma iniciativa ambiciosa que visava acabar com a fome em nível global, inspirando ações concretas para alcançar sistemas alimentares sustentáveis e inclusivos. Baseado em cinco pilares — eliminação da fome infantil, acesso de 100% da população a alimentos adequados durante todo o ano, sustentabilidade em todos os sistemas alimentares, aumento da produtividade e da renda dos pequenos agricultores, e desperdício zero de alimentos —, o Desafio Fome Zero encorajou governos, empresas, ONGs e a sociedade civil a se unirem em torno dessa causa.

A iniciativa tinha como objetivo não apenas garantir que todas as pessoas tivessem acesso suficiente a alimentos, mas também promover dietas nutritivas e seguras, ao mesmo tempo em que enfrentava desafios como as mudanças climáticas e as práticas agrícolas insustentáveis. Ao impulsionar esforços colaborativos e investimentos estratégicos, a iniciativa apoiava países em desenvolvimento, ajudando-os a criar políticas públicas eficazes para fortalecer a segurança alimentar.

Por meio da inovação, do compartilhamento de conhecimentos e da construção de parcerias, o Desafio Fome Zero consolidou-se como uma plataforma que busca transformar radicalmente o sistema alimentar global, promovendo a justiça social e erradicando a fome de forma definitiva.


2013 | G20 – Quadro de Segurança Alimentar e Nutricional

G20 Food Security and Nutrition Framework
Implementation Plan of the G20 Food Security and Nutrition Framework

Em 2013, o G20, sob a liderança da Rússia, apresentou o Quadro de Segurança Alimentar e Nutricional, cujo objetivo era coordenar esforços globais para combater a insegurança alimentar e promover uma nutrição adequada. A iniciativa surgiu em resposta às crescentes preocupações com os impactos das crises econômicas e ambientais na segurança alimentar global. O quadro orientava os países do G20 a adotarem políticas que melhorassem a eficiência da produção agrícola, reduzissem as perdas pós-colheita e garantissem uma distribuição justa dos alimentos. Além disso, enfatizava a importância de fortalecer as redes de proteção social, essenciais para apoiar populações vulneráveis em tempos de crise.

O G20 comprometeu-se a trabalhar em parceria com organizações internacionais, como a FAO e o Banco Mundial, para financiar projetos e compartilhar boas práticas. Essa abordagem multilateral visava não apenas mitigar os efeitos imediatos da insegurança alimentar, mas também promover a resiliência dos sistemas alimentares a longo prazo, garantindo que os países estivessem preparados para enfrentar desafios futuros, sejam eles climáticos, econômicos ou de saúde.


2013 | N4G – Pacto Global sobre Nutrição para o Crescimento

Global Nutrition for Growth Compact

O Pacto Global sobre Nutrição para o Crescimento foi lançado em 2013, liderado pelo Reino Unido, Japão e França, como um esforço global para enfrentar a desnutrição e melhorar os resultados nutricionais em países em desenvolvimento. Essa iniciativa destacou o impacto da nutrição adequada no desenvolvimento humano, especialmente nos primeiros mil dias de vida, cruciais para o crescimento físico e cognitivo. O pacto mobilizou recursos e compromissos financeiros para programas de nutrição, visando beneficiar milhões de pessoas, especialmente crianças e mulheres grávidas. Governos, organizações internacionais e o setor privado foram incentivados a unir esforços para apoiar ações que promovessem dietas saudáveis, melhorassem a segurança alimentar e fortalecessem os sistemas de saúde locais.

Com um enfoque na nutrição baseada em evidências e alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a iniciativa reforçou a importância de políticas públicas integradas para garantir o acesso contínuo a alimentos nutritivos e seguros. O Pacto Global ajudou a chamar a atenção internacional para a necessidade urgente de investir em nutrição como estratégia fundamental para reduzir a pobreza, promover a igualdade e garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações.


2017 | União Europeia, FAO, PMA e Banco Mundial – Rede Global contra Crises Alimentares

Global Network Against Food Crises (GNAFC)

A Rede Global contra Crises Alimentares (GNAFC) é uma iniciativa multissetorial composta por atores humanitários e de desenvolvimento, comprometidos em enfrentar as causas profundas das crises alimentares e promover soluções sustentáveis. Essa rede compartilha análises e conhecimentos, fortalecendo a coordenação de respostas baseadas em evidências ao longo do nexo humanitário-desenvolvimento-paz. Além disso, agrupa iniciativas, plataformas e mecanismos existentes para ampliar sinergias e evitar duplicidades, atuando nos níveis nacional, regional e global.

A visão da GNAFC é prevenir, preparar e responder a crises alimentares, apoiando esforços coletivos para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Fome Zero (ODS 2). A rede busca reduzir as necessidades, os riscos e as vulnerabilidades associadas à fome aguda, garantindo a segurança alimentar e melhorando a nutrição, ao mesmo tempo que promove a agricultura e sistemas alimentares sustentáveis.

Para atingir esses objetivos, a Rede Global contra Crises Alimentares se dedica a gerar informações e análises baseadas em evidências sobre crises alimentares, fortalecendo o consenso e orientando a tomada de decisão e ações; alavancar investimentos estratégicos em segurança alimentar e nutricional que atendam tanto às necessidades imediatas quanto promovam a resiliência a longo prazo; e estabelecer conexões entre setores e atores para enfrentar as causas políticas, econômicas, sociais e ambientais subjacentes à insegurança alimentar.


2020 | FAO – Coalizão Alimentar para a COVID-19

FAO Food Coalition

A Coalizão Alimentar foi criada pela FAO em 2020 como uma resposta coordenada aos desafios agravados pela pandemia de COVID-19, que impactou drasticamente a segurança alimentar em várias partes do mundo. Com o objetivo de combater o aumento da fome e promover sistemas alimentares resilientes e sustentáveis, a Coalizão fomenta a colaboração entre governos, setor privado, ONGs e outras organizações internacionais. Essa iniciativa concentra-se em fornecer assistência técnica, recursos financeiros e suporte estratégico aos países que enfrentam crises alimentares, ajudando-os a reconstruir sistemas mais resilientes a choques futuros. A Coalizão Alimentar também visa facilitar o compartilhamento de melhores práticas e lições aprendidas entre os países, promovendo inovações que possam aprimorar a eficiência e a sustentabilidade na produção e distribuição de alimentos. Além disso, há um forte foco na inclusão social, garantindo que pequenos produtores, comunidades indígenas e outros grupos marginalizados tenham um papel ativo no fortalecimento da segurança alimentar. Através de uma abordagem integrada e colaborativa, a Coalizão Alimentar busca não apenas mitigar os efeitos da pandemia, mas também construir um sistema alimentar global mais justo e sustentável.


2021 | Nações Unidas – Centro de Coordenação da Cimeira dos Sistemas Alimentares

UN Food Systems Coordination Hub

Criado em 2021, o Centro de Coordenação da Cimeira dos Sistemas Alimentares das Nações Unidas foi estabelecido para dar continuidade aos compromissos assumidos na Cimeira dos Sistemas Alimentares da ONU, realizada no mesmo ano. Este centro tem a missão de coordenar ações globais e promover a transformação dos sistemas alimentares, garantindo a segurança alimentar e nutricional para todos. A iniciativa busca catalisar mudanças em áreas como produção sustentável, acesso equitativo a alimentos nutritivos e inovação agrícola, envolvendo uma ampla gama de atores, incluindo governos, setor privado, academia e organizações da sociedade civil. O Centro de Coordenação se concentra em apoiar países na implementação de suas estratégias nacionais de sistemas alimentares, promovendo o alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Além disso, fomenta a troca de conhecimentos e práticas inovadoras entre os países, visando adaptar soluções locais para contextos globais. A iniciativa também busca aumentar a resiliência dos sistemas alimentares frente a desafios globais, como as mudanças climáticas e pandemias, garantindo que as comunidades estejam mais bem preparadas para enfrentar crises futuras. Como parte das deliberações da Cimeira, uma proposta do Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI) – “Financing SDG2 and Ending Hunger” – lançou a ideia de um Fundo Fome Zero, que, no entanto, não saiu do papel.


2022 | G7 – Aliança Global pela Segurança Alimentar

Global Food and Nutrition Security Dashboard
G7 Presidency, World Bank Group Establish Global Alliance for Food Security to Catalyze Response to Food Crisis

A Aliança Global para a Segurança Alimentar (GAFS) foi lançada em 19 de maio de 2022, em Berlim, durante a Reunião dos Ministros de Desenvolvimento do Grupo dos Sete (G7), como resposta à crise emergente de segurança alimentar e nutricional global. A GAFS é uma iniciativa conjunta do Banco Mundial e da Presidência Alemã do G7, com o envolvimento de parceiros humanitários e de desenvolvimento, organizações regionais e governos. Sua criação foi motivada pela necessidade de uma resposta rápida e coordenada à crise alimentar e nutricional global, exacerbada por fatores como a guerra na Ucrânia, a pandemia de COVID-19, incertezas econômicas e secas severas. A Aliança busca aumentar a oferta de alimentos, fertilizantes e combustíveis, remover barreiras comerciais e fornecer apoio financeiro para mitigar os impactos da crise. Um de seus principais objetivos é fortalecer a resiliência dos países frente aos riscos atuais, como mudanças climáticas, além de apoiar agricultores na adaptação a condições extremas. A GAFS atua em parceria com o GAFSP, lançado pelo G20 em 2009.


2022 | FMI – Iniciativa para enfrentar o impacto da crise alimentar global

Tackling the Global Food Crisis: Impact, Policy Response, and the Role of the IMF

Em 2022, o Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou uma iniciativa para enfrentar o impacto da crise alimentar global, resultante dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, com foco no desenvolvimento de respostas políticas coordenadas e no apoio financeiro aos países mais afetados. A crise alimentar foi exacerbada pela pandemia de COVID-19 e pelos conflitos globais, que interromperam cadeias de suprimentos e elevaram os preços dos alimentos, colocando milhões de pessoas em risco de fome. O FMI, por meio de seus programas de financiamento, buscou apoiar países vulneráveis na implementação de políticas de mitigação, incluindo subsídios para alimentos essenciais, assistência direta às famílias mais pobres e reformas estruturais para fortalecer o setor agrícola.

Além de fornecer apoio financeiro emergencial, o FMI também colaborou com outras organizações internacionais para promover uma resposta multilateral coordenada, garantindo que os recursos fossem direcionados de maneira eficaz e que houvesse uma rede de segurança adequada para os mais necessitados. O papel do FMI nesta iniciativa também incluiu a consultoria econômica para ajudar os países a equilibrar seus orçamentos e assegurar a sustentabilidade das medidas de apoio à segurança alimentar a longo prazo.


2023 | Banco Mundial – Iniciativa para conter as crises de segurança alimentar e nutricional

World Bank Scales Up Food and Nutrition Security Crises Response to Benefit 335 Million People

Em 2023, o Banco Mundial intensificou sua resposta às crises de segurança alimentar e nutricional, ampliando o apoio financeiro e técnico a países que enfrentavam desafios crescentes devido a conflitos, mudanças climáticas e crises econômicas. Essa iniciativa mobilizou bilhões de dólares para financiar projetos que visam melhorar a produção agrícola, facilitar o acesso ao mercado e fortalecer redes de segurança para as populações mais vulneráveis.

Além disso, o Banco Mundial concentrou seus esforços na promoção de inovações que fortalecessem a resiliência dos sistemas alimentares, como o uso de tecnologias agrícolas inteligentes e a capacitação de pequenos agricultores para aumentar sua produtividade. A iniciativa também incentivou a colaboração entre governos, ONGs e o setor privado, reconhecendo que o combate à insegurança alimentar exige esforços coletivos e coordenados. O Banco Mundial trabalhou para garantir que o financiamento chegasse rapidamente às áreas mais necessitadas, apoiando desde a compra de insumos agrícolas até a implementação de programas de nutrição infantil. Essa resposta abrangente visava não apenas mitigar os efeitos imediatos das crises alimentares, mas também construir um caminho sustentável para a segurança alimentar global.


2024 | G20: Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Blog do IFZ | Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, liderada pela Presidência brasileira do G20, representa um avanço significativo na luta contra a fome, fundamentando-se nas conquistas das últimas décadas. Oficialmente, a Aliança será lançada em novembro, durante a reunião dos chefes de Estado e governo do G20, e já sinaliza uma nova abordagem para enfrentar os desafios da fome e da pobreza extrema no cenário global.

Inspirada nos princípios do Fome Zero, a Aliança promove a cooperação internacional e a troca de experiências, com foco na proteção social, no desenvolvimento rural sustentável e na inclusão de pequenos produtores nos mercados globais. Dessa forma, a iniciativa pretende fortalecer a ação coletiva, fomentando sistemas alimentares mais resilientes e inclusivos.

A cesta de políticas da Aliança reflete práticas bem-sucedidas do Fome Zero e do Zero Hunger, priorizando a erradicação da pobreza extrema e a segurança alimentar. A proposta envolve ações coordenadas entre governos, organizações internacionais e o setor privado, por meio de políticas integradas baseadas em quatro pilares: segurança alimentar, inclusão produtiva, proteção social e gestão sustentável de recursos naturais.

A inovação e a transferência de tecnologia também desempenham um papel central na estratégia da Aliança. Uma das principais lições do Fome Zero é que as soluções para a fome e a pobreza devem ser adaptadas às realidades locais. Programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ambos do Brasil, foram replicados internacionalmente, demonstrando o poder da cooperação entre nações no combate à fome.

O apoio à agricultura familiar, o incentivo à produção sustentável e a criação de mercados locais continuam sendo pilares fundamentais que orientam as políticas da Aliança, garantindo segurança alimentar a longo prazo. A experiência acumulada em iniciativas de cooperação internacional reforça a importância dessas práticas para enfrentar os desafios globais.

Além disso, a Aliança Global enfatiza a relevância da governança multissetorial e do envolvimento da sociedade civil. No modelo do Fome Zero, a participação de diferentes atores – governos, organizações da sociedade civil e setor privado – foi essencial para o sucesso das políticas. A Aliança segue essa abordagem, promovendo parcerias para garantir a inclusão social e econômica dos mais vulneráveis.

O Banco Mundial – World Bank Group Ramps Up Fight Against Global Hunger – e o GAFSP manifestaram apoio formal à Aliança.


2024 | G7: Iniciativa da Apúlia para os Sistemas Alimentares

Apulia G7 Leaders’ Communiqué

A Iniciativa Apúlia para os Sistemas Alimentares (AFSI), lançada pelo G7 sob a presidência italiana, visa intensificar os esforços para superar barreiras estruturais à segurança alimentar e nutricional, promovendo uma agricultura e sistemas alimentares sustentáveis, produtivos e resilientes. O objetivo é garantir que todas as pessoas possam progressivamente realizar o direito à alimentação adequada, incluindo a melhoria da sustentabilidade e produtividade das cadeias de abastecimento locais, regionais e globais, além de enfrentar normas discriminatórias que afetam a igualdade de gênero.

A iniciativa também incentiva parcerias multissetoriais para implementar programas ambiciosos no setor. Com foco na transformação dos sistemas alimentares, especialmente em países de baixa renda, a AFSI apoia políticas e investimentos sinérgicos que alinham os esforços com os planos continentais africanos. Isso inclui cooperação técnica para uma agricultura sustentável e sistemas alimentares resilientes ao clima, o desenvolvimento de culturas adaptadas e o fortalecimento da saúde dos solos.

Além disso, destaca-se uma iniciativa público-privada voltada para o setor do café, com o objetivo de fortalecer cadeias de valor e apoiar pequenos produtores. A AFSI também promove soluções inovadoras para ampliar o financiamento público e privado voltado à segurança alimentar, incluindo iniciativas de coinvestimento e mitigação de riscos, em colaboração com bancos de desenvolvimento.

A iniciativa apoia ações coordenadas com agências da ONU e outras organizações relevantes, ressaltando a importância das cadeias de valor de fertilizantes e da produção local, sempre em alinhamento com os objetivos do Acordo de Paris.