A entidade recomenda as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde como estratégia de evitar problemas de saúde e insegurança alimentar
Por Analice Nicolau no Jornal de Brasília | 01/06/2023
O Instituto Fome Zero, movimento apartidário, lançado em 2020, acredita que para acabar com a insegurança alimentar no Brasil, um dos caminhos é oferecer ao sistema público de educação uma alimentação rica em nutrientes, proveniente da agricultura familiar, contribuindo também para o desenvolvimento econômico de pequenos produtores.
Exemplos como o de Niterói, no Rio de Janeiro, podem ser vistos como referência para outros locais do Brasil. O município aprovou no ano passado a Lei 3.766/2023, que elimina da merenda escolar alimentos que prejudicam à saúde e podem trazer malefícios em relação ao desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes.
“Alimentos ultraprocessados trazem uma série de danos à saúde da população, como obesidade, diabetes, altos índices de colesterol. Hoje, o Brasil carece de políticas públicas que incentivam a alimentação saudável, que pode muito bem ser abastecida pela agricultura familiar, como prevê o programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que impacta positivamente na geração de mais emprego, renda e ainda criando uma cadeia produtiva inteligente que trará benefícios nos próximos anos”, afirma Walter Belik, diretor-adjunto do IFZ e Professor Titular Aposentado de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Unicamp.
Medidas que eliminam os alimentos ultraprocessados do cardápio das escolas também contribuem para a diminuição dos índices de obesidade no Brasil. Segundo informações da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE), cerca de 97,3% dos adolescentes de 13 a 17 anos, informaram ter consumido pelo menos um alimento ultraprocessado no dia anterior à realização da pesquisa.
“Se tivermos políticas públicas que entendam a necessidade de começarmos o combate à fome pela merenda escolar, já teremos milhares de crianças e adolescentes sendo beneficiados e que consequentemente, teriam menores chances de desenvolver problemas de saúde no futuro. Essa é apenas uma medida inicial e que o combate à fome é uma luta que precisa começar pelo Governo Federal, mas que se estende para toda à sociedade”, reforça Belik.
Além de promover a alimentação saudável, o Instituto Fome Zero acredita que para coibir o avanço desenfreado do consumo de ultraprocessados no Brasil, é preciso que haja uma nova política de tributação, que traria mais impostos para alimentos menos nutritivos e trazendo benefícios fiscais para produtos naturais e saudáveis.“É preciso que haja um incentivo para o consumo de alimentos naturais e orgânicos. É inadmissível que produtos ultraprocessados, embutidos e altamente industrializados sejam a base da alimentação do povo brasileiro, é preciso que haja arroz, feijão e uma proteína de qualidade no prato diariamente”, finaliza Belik.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília
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