Josué de Castro e a diplomacia da Fome

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Livro sobre o pensamento de Josué de Castro é lançado nessa quarta (6/12) na sede da FAO, em Roma

IFZ | 05/12/2023

O médico, pesquisador e professor brasileiro Josué de Castro (1908-1974) será homenageado nesta quarta-feira (6/12), na sede da FAO, em Roma, com o lançamento do livro “Josué de Castro e a Diplomacia da Fome”, que estará disponível nas versões português e espanhol e poderá ser baixado, gratuitamente, em meio digital.

O livro foi organizado pelo ex-ministro do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e ex-diretor da FAO, José Graziano da Silva, pela embaixadora Carla Barroso e pelo diplomata Saulo Ceolin, que reuniram o pensamento de Josué de Castro e sua atuação enquanto representante permanente do Brasil e, posteriormente, como presidente independente do Conselho da FAO.

Em 1951, Josué foi eleito presidente do Conselho da FAO e reeleito em 1953 para um mandato até 1955.

Na opinião dele, a FAO deveria ter o poder de intervir diretamente junto dos subnutridos, não apenas com assistência técnica aos produtores, mas também no fornecimento de alimento.

Ao deixar a presidência do Conselho da FAO, em 1955, ele disse em seu último discurso, que estava “desiludido com o que fizemos porque, na minha opinião, ainda não produzimos uma política alimentar realista, que tenha em conta às necessidades desesperadas do mundo como os nossos objetivos. Não fomos suficientemente corajosos para encarar o problema de frente e procurar soluções”.

E continuou: “Limitamo-nos a passar à superfície, sem penetrar no seu âmago, o cerne do problema, sem querer resolvê-lo de fato, porque nos faltou a coragem de incomodar algumas pessoas”. Isso, segundo ele, “explica o fato de, após anos de intenso trabalho da FAO e de outras organizações internacionais, a fome continuar a assolar o mundo mais ou menos na mesma proporção”.

Para Josué de Castro, o aumento na produção de alimentos, concentrado em países ricos, “em vez de se reduzir o fosso entre os países da fome e os países da abundância, alargou-se nos últimos anos”.

Em 1964, quando o Brasil sofreu o golpe militar, Josué de Castro, que era representante do Brasil nas Nações Unidas em Genebra,  foi um dos primeiros brasileiros a ter seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar e proibido de regressar ao país por ser considerado um “agitador comunista” e por difamar o Brasil no estrangeiro.

Em 1973, aos 65 anos, deprimido por não poder voltar ao Brasil, segundo seus interlocutores mais próximos, ele morreu no exílio, em Paris, dias após a morte de dois de seus grandes amigos chilenos: o presidente Salvador Allende, também médico, assassinado em pleno golpe militar; e o poeta Pablo Neruda, que foi encontrado morto em condições ainda hoje consideradas suspeitas.

O pensamento de Josué de Castro foi o divisor de águas na luta pelo combate à fome, que inspirou e inspira gerações que enxergam na fome o pior flagelo social do Planeta.

Baixe aqui “Josué de Castro e a diplomacia da fome” (Português, em formato pdf)
ou diretamente do site da FUNAG https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1259

Baixe aqui “Josué de Castro y la diplomacia del hambre” (Espanhol, em formato pdf)
ou diretamente do site da FUNAG https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1260