WRI Brasil | Junho 2023
As próximas décadas vão definir se a Amazônia – terra de mais de 28 milhões de habitantes, 198 povos indígenas, e que abriga a floresta mais biodiversa, o maior reservatório de água doce e o maior bloco tropical de regulação climática do planeta – se tornará a grande catalizadora da economia de baixa emissão de carbono do Brasil. Ou, ao contrário, atingirá um ponto irreversível de degradação, aprofundando as desigualdades atuais e colocando em risco a estabilidade e competitividade de toda a economia do país.
Como colocar a Amazônia Legal em uma trajetória de descarbonização, transformando a economia da região para que ela cresça, gere oportunidades, valorize as culturas locais e os ativos ambientais, combatendo a desigualdade e os desmatamentos? Essa pergunta moveu os 76 pesquisadores que assinam o relatório Nova Economia da Amazônia.
O trabalho partiu da combinação de diferentes técnicas e conhecimentos para apresentar um retrato inédito da economia atual da Amazônia Legal, buscando compreender as relações econômicas e ambientais com o restante do Brasil e do mundo. Deu ênfase aos setores intensivos em carbono e que devem mudar de trajetória para se tornarem parte relevante de uma economia da floresta em pé, mais adequada aos desafios deste século.
O estudo avança na compreensão do papel da bioeconomia, revelando uma pujante atividade até então invisível aos instrumentos convencionais de medição da economia. Apesar de fundamentada na forma secular de produção dos povos originários, inovada constantemente pelas tecnologias locais nas aldeias, zonas rurais e cidades amazônicas, a bioeconomia ainda permanece subdimensionada perto do seu impacto atual e potencial futuro. O trabalho ajuda a dar visibilidade a essas atividades, demonstrando a sua relevância como solução para o futuro da economia na região.
O relatório também avalia a performance econômica da Amazônia Legal sob diferentes cenários, comparando a trajetória atual, que tem conduzido à degradação, com cenários alternativos de descarbonização, especialmente dos setores agropecuário e de energia.
Mais do que comparar resultados de PIB e geração de emprego, como se convenciona avaliar o desempenho econômico, a Nova Economia da Amazônia permite uma análise qualitativa do que se quer para o futuro – e não há futuro para o Brasil sem a Amazônia. Os resultados mostram que é impossível o país atingir as metas o Acordo de Paris e contribuir com a desaceleração do aquecimento global sem zerar os desmatamentos na Amazônia. Mesmo acabando com o desmatamento, será preciso restaurar grandes áreas da floresta e adotar novas formas de gerar e consumir energia, seja no campo ou nas cidades.
Uma transição que gera empregos de qualidade e oportunidades para os cidadãos da região, ao mesmo tempo que impulsiona mudanças importantes no restante do Brasil. A Nova Economia da Amazônia pode ser a grande catalisadora da descarbonização de toda economia brasileira e a maior oportunidade de desenvolvimento econômico e social da história contemporânea do país.
Fernanda Boscaini
Diretora Executiva do WRI Brasil
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