Blog do IFZ | 03/10/2025
Prevenir é melhor do que remediar. Essa é a visão central do trabalho desenvolvido em parceria pelo Instituto Fome Zero e o Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (International Institute for Environment and Development – IIED). O objetivo central das duas instituições é aplicar, no Brasil, o projeto Proteção Social Antecipatória (PSA), que utiliza a metodologia do Índice de Proteção Social Antecipatória para Resiliência (ASPIRE), uma ferramenta criada pelo IIED para medir até que ponto programas sociais nacionais estão preparados para responder a choques climáticos e a outras crises socioeconômicas.
Durante a semana, integrantes das duas entidades se reuniram em Brasília e em São Paulo com representantes de diferentes ministérios e entidades do governo federal, de organizações não governamentais, do setor privado e das Nações Unidas para apresentar o projeto.
“O Brasil é reconhecido globalmente por seus avanços em proteção social e segurança alimentar, mas a crise climática exige que repensemos esses sistemas”, afirmou José Graziano da Silva, Diretor-Geral do Instituto Fome Zero e ex-Diretor-Geral da FAO. “Com o ASPIRE, queremos mostrar que é possível — e necessário — agir antes que os desastres aconteçam. Trata-se de dignidade, prevenção e justiça”, completou.
O diferencial da metodologia do ASPIRE é justamente essa ênfase na ação antecipatória (anticipatory action). Em vez de se limitar a reagir depois que um desastre acontece, o índice verifica se os programas possuem mecanismos para agir antes que a crise se instale. Essa lógica não apenas reduz danos humanos e econômicos, como também se mostra mais custo-efetiva do que respostas puramente emergenciais.
O ASPIRE organiza sua avaliação em quatro grandes domínios: política, sistemas, desenho de programas e funcionamento de programas. No Brasil, o ASPIRE terá como foco inicial três programas que formam a espinha dorsal da proteção social: o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Ao aplicar o índice a esses programas, a parceria IFZ–IIED busca não apenas medir seu nível de prontidão, mas também oferecer recomendações práticas para ampliar sua resiliência.
“A gente não precisa esperar acontecer uma catástrofe para o poder público decretar situação de emergência. Devemos fazer uma ação preventiva. Isso pode se traduzir, por exemplo, em ações com famílias que estão em situações de risco, fazendo com que elas se mudem antes das enchentes para um lugar mais seguro. Podemos preparar uma proposta de mudanças legais para permitir a antecipação de benefícios e também ajustar os programas para que eles possam identificar as famílias mais vulneráveis, mais pobres, que moram em condições de risco”, concluiu Graziano.
O PSA será concluído em 2026, quando, além de um relatório que será apresentado ao governo federal, serão divulgados estudos de caso mostrando a relevância da prevenção climática.






