Zero Hunger: 20 anos do Índice Global da Fome e o alerta de 2025

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Blog do IFZ | 09/10/2025

Lançado hoje (9 de outubro), o Índice Global da Fome 2025 — 20 Anos de Monitoramento do Progresso: Hora de Reafirmar o Compromisso com o Fome Zero (Global Hunger Index 2025 — 20 Years of Tracking Progress: Time to Recommit to Zero Hunger, GHI) celebra vinte anos de monitoramento da fome no mundo com um aviso que não poderia ser mais urgente: o planeta voltou a falhar no compromisso com o Fome Zero. Depois de um período de avanços até 2016, o progresso global parou — e a promessa de erradicar a fome até 2030, prevista no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 2, se distancia a cada ano.

Os números falam por si: o índice global caiu de 19,0 para apenas 18,3 em quase uma década, mantendo-se na categoria “moderada”. Por trás dessa média, porém, escondem-se desigualdades abissais e retrocessos dramáticos.

O relatório é contundente ao apontar as causas: a fome não é resultado de fatalidade natural, mas de falhas políticas. Conflitos armados, colapsos climáticos, retração da ajuda internacional e a erosão das instituições humanitárias formam uma combinação explosiva. Em 2025, guerras como as de Gaza e Sudão, ondas extremas de calor e inundações, inflação alimentar e cortes no financiamento global empurram milhões de pessoas para a beira do abismo.

A crise é agravada por um fenômeno mais silencioso, mas igualmente devastador: o colapso dos sistemas de monitoramento. Sem dados confiáveis, desaparece a visibilidade das necessidades — e, com ela, a capacidade de resposta humanitária.

Hoje, sete países enfrentam níveis “alarmantes” de fome e trinta e cinco vivem situações “sérias”, com maior concentração na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Em contrapartida, experiências bem-sucedidas — como as de Bangladesh, Nepal e Etiópia — provam que políticas públicas consistentes e investimentos de longo prazo podem reverter o quadro.

A mensagem do Global Hunger Index 2025 é política e moral: a fome é uma escolha coletiva, não um destino inevitável. Ela traduz a falta de vontade e de coordenação global diante de um planeta plenamente capaz de alimentar a todos.

O GHI deste ano conclama governos e instituições a agir: transformar sistemas alimentares, fortalecer a resiliência climática e restaurar o princípio que deu origem ao movimento Fome Zero — ninguém deveria passar fome num mundo de abundância.

Produzido pela Welthungerhilfe (WHH), pela Concern Worldwide e pelo Institute for International Law of Peace and Armed Conflict (IFHV), da Alemanha, o Índice Global da Fome é uma publicação revisada por pares que, desde 2006, reúne dados da FAO, UNICEF, OMS, Banco Mundial e levantamentos nacionais. Seu propósito é oferecer uma ferramenta independente, baseada em evidências, para monitorar o avanço rumo ao Fome Zero e orientar políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.

Principais dados e mensagens do relatório

  • Índice global de fome: 18,3 em 2025 (moderado), contra 19,0 em 2016.
  • Desde 2016, o progresso global praticamente estagnou.
  • 56 países não alcançarão níveis baixos de fome até 2030.
  • 7 países em situação “alarmante” e 35 em “séria”.
  • África Subsaariana e Sul da Ásia concentram os piores índices.
  • Conflitos armados e eventos climáticos extremos são os principais motores da fome.
  • Mantido o ritmo atual, o mundo só erradicaria a fome em 2137.
  • Exemplos de avanços: Nepal, Bangladesh, Etiópia, Moçambique, Uganda e Togo.

Baixe aqui o relatório “Global Hunger Index 2025 — 20 Years of Tracking Progress: Time to Recommit to Zero Hunger