Um fator importante que impulsiona a inflação de alimentos no Brasil é a forte influência exercida pelos mercados internacionais sobre os preços domésticos.
Por Georges Flexor e Sergio Pereira Leite na Revista Rosa | 14/04/2025
Desde o início da década passada, o Brasil tem enfrentado uma tendência persistente e preocupante de aumento dos preços dos produtos agropecuários, um fenômeno que representa desafios significativos para os consumidores, os formuladores de políticas e o cenário sociopolítico mais amplo, remontando a um dilema clássico da política agrícola (De Janvry, 1983).1 O aumento constante do custo de bens essenciais não apenas sobrecarrega os orçamentos familiares, principalmente os de baixa renda, mas também contribui para as pressões inflacionárias e prejudica a estabilidade econômica. Além disso, a questão da inflação dos preços dos alimentos2 tornou-se um ponto focal do debate público, com suas implicações se estendendo à estabilidade política, uma vez que a insatisfação com o custo de vida pode alimentar a agitação social e corroer a confiança nas instituições governamentais.
Um fator importante que impulsiona a inflação de alimentos no Brasil é a forte influência exercida pelos mercados internacionais sobre os preços domésticos. Como um importante participante do comércio agrícola global, os preços desse setor no Brasil estão intimamente ligados às tendências globais de commodities. As flutuações nos mercados internacionais, sejam elas impulsionadas por choques de oferta, mudanças nos padrões de demanda, alterações climáticas ou tensões geopolíticas, muitas vezes repercutem na economia brasileira, afetando toda a cadeia produtiva, desde as culturas básicas até os alimentos processados.
No centro dessa relação está a taxa de câmbio, uma variável crítica que medeia a interação entre os preços domésticos e internacionais. A depreciação da moeda, em particular, pode ampliar significativamente o impacto do aumento dos preços globais dos alimentos no mercado doméstico, pois aumenta o custo de importação dos insumos e bens necessários. Essa dinâmica destaca a vulnerabilidade do sistema alimentar do Brasil diante das condições econômicas externas e ressalta a importância em administrar as flutuações da taxa de câmbio como parte de uma estratégia mais ampla para estabilizar os preços agrícolas. Isso se agrava, como demonstraremos a seguir, com o fato de que parte da área agricultável que era destinada à produção de alimentos para o consumo interno foi ocupada pelo cultivo de commodities, sensíveis à elevação dos preços desses produtos no mercado internacional, reforçando essa tendência do export-drive.
Para complexificar esses desafios, as crises financeiras, observadas nos últimos anos, tendem a exacerbar a volatilidade dos preços dos alimentos, tanto em nível global quanto doméstico (Isackson et al., 2023). Durante períodos de incerteza econômica, o comportamento especulativo nos mercados de commodities e as interrupções nos fluxos comerciais podem levar a oscilações bruscas e imprevisíveis nos preços. Esses episódios de maior volatilidade complicam ainda mais os esforços para garantir à população um acesso estável e econômico aos alimentos.
Este artigo examina a interação desses fatores — aumentos persistentes dos preços dos alimentos, a influência dos mercados internacionais, o papel da taxa de câmbio, a substituição de cultivos e o impacto das crises financeiras — na formação da dinâmica da inflação de alimentos no Brasil. Ao analisar essas relações complexas, pretendemos chamar a atenção sobre aspectos nem sempre destacados na literatura recente, e que poderiam contribuir para o encaminhamento de propostas para mitigar os efeitos adversos do aumento dos preços dos alimentos e promover maior resiliência no sistema alimentar do Brasil.3
Preços dos alimentos no Brasil
O aumento dos preços dos alimentos sempre foi uma das principais causas de agitação social e preocupação política. Quando os alimentos se tornam mais caros, a fome se espalha, especialmente entre as populações mais vulneráveis, que passam a viver em um estado de ansiedade quase permanente. Como consequência, o descontentamento social cresce, manifestações e protestos irrompem, e a aprovação dos governantes cai rapidamente. Por essa razão, não é coincidência que a inflação dos alimentos seja um motivo de preocupação dos governos brasileiros, que reconhecem seu potencial desestabilizador tanto social quanto politicamente.
A Figura 1 apresenta dados do Google Trends desde 2004 sobre o interesse dos brasileiros no tema “inflação de alimentos”. Como pode ser observado, esta questão preocupa a população brasileira com relativa frequência. Em determinados períodos, como em 2008 ou a partir da pandemia de 2020, o assunto gerou níveis particularmente elevados de inquietação, demonstrando como a majoração dos preços dos alimentos se torna ciclicamente um assunto de grande relevância nacional.

Uma análise mais atenta da tendência dos preços agrícolas ajuda a explicar o crescente interesse no tema desde o final da década de 2000. A Figura 2 revela que, a partir desse período, a inflação dos alimentos passou a superar o aumento do nível geral de preços. Desde 2008, o índice de preços de alimentos (“IPCA de alimentos”) tem crescido a uma taxa mais acelerada do que o total do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). Isso significa que os alimentos estão se tornando mais caros de forma mais rápida do que a média de outros bens e serviços, como habitação, transporte, educação, saúde, vestuário e cuidados pessoais. Considerando que os alimentos representam 21,7% do índice geral, seu impacto é um dos principais fatores por trás do aumento do IPCA.

Como explicar que, em um país que se vangloria de ser “a granja” ou “o celeiro” do mundo e possuir um dos setores agroalimentares supostamente mais eficientes globalmente, os preços dos alimentos tenham crescido mais rapidamente do que a inflação geral?
O aumento mais rápido e a maior volatilidade dos preços dos alimentos não processados, em comparação com os industrializados, ressalta a importância das condições de produção agropecuária na determinação desses valores (Baccarin e De Oliveira, 2021; dos Santos Filho et al., 2022). Elevação nos preços da terra, dos insumos e do capital contribuem diretamente para majorar os custos de produção e, consequentemente, os preços dos alimentos. Em um cenário de crescimento da demanda por alimentos — impulsionada, sobretudo, pela taxa demográfica e pela melhoria do poder aquisitivo —, a rigidez da oferta agrícola, aliada ao aumento dos custos de produção, exerce uma pressão adicional sobre os preços. A esse quadro soma-se o impacto das mudanças climáticas, com fenômenos como secas severas e chuvas excessivas, que prejudicam a produtividade, tornam a oferta mais imprevisível e intensificam ainda mais a tendência de alta nos preços dos alimentos (Zilli et al., 2020).
A esses fatores que impactam a oferta agrícola adiciona-se um componente internacional que merece análise mais detalhada, pois, como será demonstrado a seguir, desempenha um papel decisivo no comportamento dos preços dessas mercadorias no Brasil.
Os mercados globais e o comportamento dos preços alimentares no Brasil
A tendência de alta nos preços dos alimentos, observada nas últimas duas décadas, cria um novo contexto alimentar global que provavelmente perdurará nas próximas décadas. Como ilustrado na Figura 3, os índices de preços das principais commodities agrícolas têm aumentado consistentemente desde meados dos anos 2000. Segundo a maioria dos analistas, essa tendência é impulsionada por uma combinação de fatores de demanda e oferta. No lado da demanda, destacam-se o crescimento populacional, o aumento da renda global e a adoção de políticas de incentivo aos biocombustíveis. No lado da oferta, os principais fatores incluem a redução dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento agrícola, a elevação dos custos de produção e os impactos das mudanças climáticas.

O rápido desenvolvimento econômico de países como China e Índia nas últimas duas décadas também teve efeitos significativos, tanto diretos quanto indiretos, sobre os preços dos alimentos (Baffes e Dennis, 2013; Mitchell, 2008; Timmer, 2008 e 2015). A melhoria da renda de centenas de milhões de pessoas levou a uma maior demanda por carnes e óleos vegetais, alterando os padrões de consumo. Como Bennett (1941) já observava há oito décadas, à medida que a renda cresce, há uma transição no consumo de grãos e alimentos ricos em amido para dietas mais diversificadas, com maior ingestão de proteínas e nutrientes. Essa mudança nos hábitos alimentares exerce pressão adicional sobre os preços dos alimentos, reforçando a tendência de alta.

A Figura 4 demonstra que as forças econômicas, sociais, geopolíticas e climáticas que impulsionam essa tendência altista nos preços dos alimentos mundialmente têm reflexo direto no comportamento dos preços agrícolas no Brasil. Através da comparação da evolução do índice de preços da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) com o IPCA dos alimentos em dólares, observa-se claramente que ambos os indicadores seguem trajetórias muito semelhantes, evidenciando uma forte correlação entre eles. Essa significativa similaridade no comportamento dos dois índices decorre da integração dos principais mercados alimentares brasileiros aos mercados globais. Consequentemente, os fatores que afetam os mercados internacionais impactam diretamente os preços agrícolas no mercado doméstico.
A inflação de alimentos no Brasil tem se mostrado persistente e esse cenário é em boa medida influenciado pela tendência de alta dos preços mundiais. Desta forma, o preço dos alimentos no país fica cada vez mais vulnerável a uma série de fatores globais, como crises econômicas e financeiras, eventos geopolíticos, mudanças climáticas, pandemias e avanços tecnológicos, tanto na agricultura quanto na logística das cadeias globais de valor. Exemplos recentes evidenciam essa conexão: a crise financeira de 2008, as secas na Austrália em 2008 e 2019 e na Rússia em 2010, as enchentes nos Estados Unidos em 2008 e 2019, a pandemia de Covid-19 e seus efeitos nas cadeias de suprimentos, além do conflito na Ucrânia (2022 a 2025), todos impactaram diretamente os preços dos alimentos no Brasil. Tais exemplos demonstram claramente que a inflação de alimentos no mercado doméstico não está imune ao comportamento do mercado global, especialmente em momentos críticos (choques de oferta).
Export-drive e o padrão de crescimento da agricultura brasileira
Não é novidade o fato de que a agricultura brasileira responde rapidamente aos estímulos (externos ou internos) de maior incidência no mercado mundial de produtos agrícolas, apresentando há mais de quatro décadas um saldo superavitário da balança comercial setorial (Leite, 1998). Como destacam Flexor, Kato e Leite (2023), se os preços das commodities crescem, os produtores são incentivados a aumentar a produção e tendem a ocupar uma área maior para o plantio. Os casos da soja e do milho, as principais commodities agrícolas exportadas e usadas nas rações animais, são ilustrações perfeitas dessa relação mais geral entre os preços, a oferta para exportação e a estrutura de produção. Como pode ser observado nas Figuras 5 e 6, nos últimos vinte anos cresceram de forma significativa tanto a área como a produção de soja e milho.

Entre 2000 e 2020, a produção de soja, por exemplo, aumentou 253,63% e a área plantada 175,8%, envolvendo tanto as regiões Centro-Oeste e Sul do país, que concentram a oferta da oleaginosa, mas também as demais macrorregiões do país. No cerrado nordestino, onde a produção é altamente tecnificada, a produtividade por hectare já alcança os níveis observados nas duas grandes regiões produtoras. A soja avança igualmente na região Norte e no Sudeste, apresentando produtividade elevada, e nesta última compete muitas vezes por terras com a cana de açúcar.

Estimuladas pelas exportações de grãos e de carnes, entre 2001 e 2020 a produção de milho cresceu 145% e a área plantada se ampliou em 61,2%. O maior vetor dessa expansão se deu na região Centro-Oeste. Baseada num modelo de produção tecnificado em larga escala e integrado às cadeias globais de commodities de grãos e carnes, a produção de milho assumiu uma forte liderança em termos de produtividade e quantidade produzida.
Em comparação com a soja e o milho, produtos agrícolas destinados fundamentalmente à alimentação animal e outros bens industrializados, o arroz e o feijão, dois alimentos da “mesa” dos brasileiros, apresentaram uma diminuição da área plantada e uma estagnação da produção. A queda do consumo no caso do feijão e a baixa integração da produção de arroz às cadeias globais de commodities desestimularam o plantio. A maior tecnificação da produção permitiu ganhos de produtividade substanciais, o que garantiu que a oferta não diminuísse.
No caso do arroz (cf. Figura 7), a maior concentração da produção no sul do país foi um elemento fundamental para manter a oferta. No entanto, a concentração espacial da produção tem riscos. Se as condições climáticas no Rio Grande do Sul forem prejudiciais ao cultivo, como na enchente em 2024, a produção de arroz pode sofrer queda significativa, e isso acaba repercutindo rapidamente nos preços. A área ocupada com o cultivo de feijão, como é possível verificar na Figura 8, despencou ao longo de 2001 a 2020 e a produção apresentou tendência de queda; assim, os ganhos de produtividade não compensam a queda da área plantada.


Com isso, queremos ilustrar o rápido e intensivo aumento da área ocupada com a produção de commodities agrícolas, em sua grande maioria voltadas ao mercado externo, comprometendo de certa maneira uma maior oferta de bens alimentares para o consumo final, especialmente aqueles comercializados em mercados locais ou regionais, o que impacta complementarmente a variação dos seus preços, dependendo da localidade, tipo de produto, sazonalidade, etc.
Financeirização da agricultura e seus impactos sobre os preços dos alimentos
A dimensão internacional, além de ressaltar a relevância dos mercados de câmbio, destaca ainda, de maneira mais ampla, o impacto das finanças internacionais no comportamento dos preços dos alimentos no Brasil.
Como informam Clapp (2014), Isackson (2014) e Isackson et al. (2023), commodities e terra, estimuladas pelo boom dos preços, passam a se valorizar também em função da sua capacidade em atrair investimentos estritamente guiados por uma lógica financeira que, embora mantendo o lastro produtivo, promovem certo “descolamento” da base real e alcançam significativos ganhos destinados à remuneração dos portadores de ações dos fundos de investimento e beneficiários dos fundos de pensão. Houve um aumento significativo no número de fundos de investimentos ao redor do globo, especializados em recursos naturais e no setor rural e agroalimentar, saltando de 43 fundos em 2005 para mais de 960 em 2023, segundo dados do Valor Advisor (2024), parte deles lastreados em ativos situados no Brasil. Isso nos leva a pensar que, nessa nova etapa da “globalização financeira” à qual o mercado brasileiro de produção agrícola está conectado, é importante chamar a atenção para esse atributo especulativo que tais produtos carregam, para além da sua inserção produtiva e comercial. Como apontam Delgado e Leite (2022), a recente legislação brasileira sobre o assunto (a Lei do Agro de 2020 e 2022 e a lei sobre o Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais — FIAGRO, de 2021) reforça essa tendência e expande vertiginosamente essa possibilidade, fazendo com que a questão da segurança alimentar se associe indiretamente a essa nova dimensão financeirizada do agro. Ou seja, a cotação dos preços das commodities agrícolas, especialmente nas grandes bolsas especializadas no exterior, comporia adicionalmente um fator especulativo que “apostaria” na valorização de determinada mercadoria, garantindo um lucro marginal aos investidores, como já apontava Clapp (2014) em estudo seminal sobre o assunto. Nos momentos de crises financeiras de maior calibre essas questões ganham expressões mais intensas (e dramáticas), evidenciando de maneira mais clara as conexões estabelecidas entre esses mercados (financeiro e produtivo) que vem ganhando cada vez mais importância na literatura internacional especializada. Segundo a autora, políticas de enfrentamento dos preços nessas situações não dependem exclusivamente do controle das variáveis “convencionais”, digamos assim, como estrutura de oferta e comercialização, perfil da demanda, etc., mas reforçam a importância de revelar os “gatilhos” financeiros aos quais a determinação dos preços agrícolas também está relacionada para estabelecer medidas que arrefeçam esse impacto. Obviamente, nesses casos, o enfrentamento dos interesses de investidores e demais agentes do mercado financeiro é um obstáculo politicamente difícil de transpor.
No Brasil esse arcabouço financeirizado da agricultura ganha um grande estímulo em 2004 com o lançamento dos chamados “títulos do agronegócio”,4 com destaque para os Certificados Recebíveis do Agronegócio (CRA) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que passam a integrar a estrutura de operações financeiras de investimentos no setor, como vários “pacotes” ofertados no FIAGRO, e que remetem diretamente aos interesses do setor financeiro, incluindo uma massa cada vez maior investidores de pequeno porte atraídos pela isenção de impostos e pelo marketing dominante da atividade (Delgado e Leite, 2022). Assim, de forma complementar, chamamos a atenção aqui para a importante participação da LCA no próprio “funding” de recursos do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) nos últimos 10 anos, especialmente a partir de 2021, quando sua parcela salta da faixa de 15% a 20% do total de recursos ofertados para mais de 40% (sendo que para produtores de médio e grande porte esse percentual chega a 70%!). Como se trata de um título eminentemente financeiro, criado com a justificativa de carrear mais recursos para o financiamento da atividade produtiva agrícola, sua base de crescimento está evidentemente relacionada às expectativas de ganhos de valorização dessas letras negociadas em circuitos específicos e que, aparentemente, podem também influenciar a formação dos preços agrícolas nas cadeias produtivas nas quais elas atuam, além de fragilizar — dada a própria instabilidade da oferta de créditos associados a esses títulos — a base de recursos que estrutura a política de crédito rural, essencial para garantir a oferta em uma determinada safra agrícola.
À guisa de conclusão
Dentro do escopo deste artigo, procuramos mostrar que a determinação dos preços agrícolas no Brasil obedece às questões muito mais complexas do que aparentemente a mídia nacional tende a destacar. De certa forma, há uma dependência da formação desses preços internamente a determinados aspectos — mais ou menos visíveis ao senso comum — que demandam soluções não triviais no campo macroeconômico e politicamente complexas, como já destacaram Oliveira et al. (2025), entre as quais a retomada de uma política de formação de estoques reguladores mais robusta. Ao longo do trabalho, procuramos chamar a atenção para alguns desses pontos, visto que nos pareceram mais estratégicos e com desempenho destacado ao menos nos últimos vinte anos, não constituindo, portanto, um fenômeno temporário e aleatório. Assim, a forte associação dos preços domésticos aos preços agrícolas no mercado internacional e sua subordinação aos eventos que influenciam esses últimos; o peso da variável cambial como estratégia de ajuste no controle dos preços dos bens e serviços importados diretamente relacionados aos custos de produção agropecuária e ao ganho (“espúrio”) de competividade das commodities agrícolas brasileiras no mercado global; a substituição de áreas anteriormente produtoras de alimentos orientados ao consumo final em escala local e/ou regional por grandes e médias propriedades produtoras de bens exportáveis; e a crescente especulação financeira com a cotação dos preços agrícolas ao nível doméstico e/ou internacional, nos mostraram elementos que poderiam ganhar maior espaço no debate público para o enfrentamento desse dilema que não é novo, mas que traz desafios diferentes daqueles vigentes em crises inflacionárias de períodos anteriores.
Referências
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Notas
- O autor já chamava a atenção naquele momento aos conflitos inter-burocráticos entre os gestores da política agrícola, que eram sensíveis às pressões dos produtores rurais em obter preços que lhes garantissem um maior rendimento, e os gestores da política macroeconômica, que visavam fundamentalmente combater a inflação para qual o aumento dos preços agrícolas era um componente importante e preocupante. ↺
- Para todos os efeitos vamos usar aqui como sinônimos os termos “preços dos produtos agrícolas” e “preços dos alimentos”, embora reconheçamos que nem toda a produção agropecuária seja destinada à alimentação, inclusive parte significativa das commodities não segue diretamente para a mesa do consumidor. ↺
- Uma discussão estimulante sobre o tema é proposta por Oliveira et al. (2025). ↺
- Dados os limites de espaço desse artigo não podemos fazer uma apresentação exaustiva desse processo de financeirização da agricultura nacional. Ver Leite (2024) para um maior detalhamento sobre o assunto. ↺
Publicado no número 1 do volume 11 da Revista Rosa em 13/04/2025.
Revista Rosa, S.Paulo/SP, Brasil, https://revistarosa.com, ISSN 2764-1333.
