Blog do IFZ | 29/09/2025

Baixe a qui o documento “II Estratégia Intersetorial para a Redução das Perdas e Desperdício de Alimentos no Brasil“

A redução das perdas e desper­dício de alimentos (PDA), em contex­to global de crise climática, é uma oportunidade de ganhos múlti­plos: para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa; para o fortalecimento da segurança ali­mentar e nutricional; bem como para a preservação da biodiversi­dade e sustentabilidade dos nos­sos sistemas agroalimentares.
A transição da economia linear para sistemas alimentares circulares re­quer ações do campo à mesa e a compreensão da interação entre os elos da cadeia produtiva de ali­mentos. Além disso, envolve mudan­ça de comportamento dos múlti­plos atores envolvidos na produção, distribuição e comercialização dos alimentos e a necessidade de se implementar políticas públicas dire­cionadas ao fortalecimento de sistemas alimentares sustentáveis. A imensa área geográfica brasileira, diferentes realidades socioecnômicas e particularidades territoriais são desafios inerentes à mitigação das PDA.

Nesse contexto e com um olhar atento para os desafios e as opor­tunidades de reduzir as perdas e desperdícios de alimentos, fomen­tar o acesso a alimentos saudáveis e contribuir com a gestão sustentável dos resíduos orgânicos, atua­lizamos a Estratégia Intersetorial de Perda e Desperdício de Alimentos do Brasil, publicada em 2018, por meio de um amplo processo de discussão e construção no âmbito da Caisan Nacional.

A II Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos parte do pressupos­to de que a temática dos sistemas alimentares circulares cria condi­ções para ampliar o acesso da população brasileira, principalmente o segmento de baixa renda, a uma ali­mentação mais saudável, baseada em alimentos in natura ou minima­mente processados. Essa aborda­gem está alinhada ao Decreto Presi­dencial n° 11.936, de 05 de março de 2024, que redefine a composição da cesta básica no âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e à Política Na­cional de Abastecimento Alimentar (PNAAB), reforçando o compromisso de garantir o direito humano à ali­mentação adequada e saudável, além de promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional.

A conta de que, com o fim do des­perdício de alimentos, chegaría­mos ao fim da fome não se sus­tenta numa equação tão simples. Sabemos que a doação de ali­mentos alivia significativamente a fome, consistindo em parte funda­mental desta Estratégia. Entretanto, torna-se necessário pensar em so­luções que incidam sobre os siste­mas alimentares vigentes, buscan­do aumentar o acesso a alimentos saudáveis, fortalecer circuitos cur­tos de produção, abastecimento e consumo, promover economia circular, ampliar a agricultura urbana e periurbana, e incentivar a ofer­ta e a demanda para os alimentos da agricultura familiar.

Dessa forma, são muitos os desafios que a II Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos se propõe a incidir, numa perspectiva integrada, articulando setores públicos e privados, gesto­res, políticas públicas de seguran­ça alimentar e nutricional e do meio ambiente. Embora não seja uma ta­refa fácil, o Grupo de Trabalho ins­tituído no âmbito da Câmara Inter­ministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) se empenhou e se desafiou a construir esta Estra­tégia e oferecer à sociedade uma proposta concreta para a redução das perdas e desperdício de alimen­tos no Brasil.

CÂMARA INTERMINISTERIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL