Banco Mundial lança grande iniciativa para colocar a agricultura em primeiro plano

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Por Helen Murphy no Devex | 15/10/2025

O Banco Mundial anunciou que pretende dar prioridade à agricultura familiar, reconhecendo-a como um motor essencial de geração de empregos e crescimento econômico.

Fazendas, finanças, futuros

A agricultura está subindo na lista de prioridades do Banco Mundial. Durante suas reuniões anuais, realizadas ontem, a instituição lançou o AgriConnect: Fazendas, Empresas e Finanças para Empregos — um plano que busca colocar a agricultura familiar no centro de sua estratégia de desenvolvimento econômico e criação de empregos.

O programa concretiza a promessa do presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, de dobrar os investimentos em agronegócio e agrofinaças, alcançando US$ 9 bilhões anuais até 2030. “Nosso objetivo é, primeiro, ajudar os pequenos produtores a aumentar sua produtividade e escala. Em segundo lugar, conectá-los a cadeias de valor estruturadas que ampliem sua renda. E, por fim, protegê-los da exploração — para que não sejam forçados a vender suas terras por falta de crédito, de seguro ou de acesso a mercados”, afirmou Banga.

Com os orçamentos de ajuda internacional em queda e a crescente pressão para atrair capital privado, o AgriConnect está sendo apresentado como um projeto-piloto de colaboração entre o Banco Mundial, a Corporação Financeira Internacional (IFC), a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) e parceiros como o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Esta iniciativa é extraordinária. Faz parte de uma colaboração inédita entre os bancos multilaterais de desenvolvimento — nunca trabalhamos juntos dessa forma antes”, destacou o presidente do BID, Ilan Goldfajn.

O plano se apoia em três pilares fundamentais:

  1. Reduzir os riscos de investimento no agronegócio;
  2. Investir em infraestrutura, incluindo irrigação e eletrificação rural;
  3. Reformar políticas públicas, com destaque para a reorientação de subsídios.

Um dos primeiros exemplos práticos é uma iniciativa de US$ 300 milhões no Togo, voltada à expansão da irrigação e à transformação do país em um centro regional de agronegócio, com potencial para criar 72,5 mil empregos.

A transferência de tecnologia é outro componente essencial. “Com nosso poder de articulação, podemos garantir que essas tecnologias cheguem a quem mais precisa — os agricultores — para que tenham acesso a sementes resistentes à seca, cultivos tolerantes ao calor e alimentos como a batata-doce de polpa alaranjada, que ajuda a suprir deficiências nutricionais”, explicou Shobha Shetty, diretora global do Banco Mundial para Agricultura e Alimentação

Ela citou ainda o caso do Paquistão, onde 45% dos agricultores já adotaram o trigo enriquecido com zinco, resultado de um esforço conjunto de disseminação tecnológica.

Para Wagner Albuquerque de Almeida, diretor global de Manufatura, Agronegócio e Silvicultura da IFC, o valor do programa está em enxergar a agricultura como um sistema integrado: “Não se trata de olhar para partes isoladas da cadeia de abastecimento, que é extremamente complexa, mas de adotar uma visão holística.”

O AgriConnect será, segundo Banga, o campo de provas do lema “maior, melhor, mais rápido” que ele vem promovendo à frente do Banco Mundial. E, conforme resume Shetty, o verdadeiro critério de sucesso é simples: “Manter os pequenos agricultores no centro de tudo.”

Publicado originalmente no DEVEX
https://www.devex.com/news/devex-newswire-world-bank-launches-massive-push-to-put-farming-front-and-center-111098