Blog do IFZ | 25/11/2025
Lançado durante a COP30, o relatório da FAO “Caminhos para uma Transição Justa nos Sistemas Agroalimentares” (Pathways Towards a Just Transition in Agrifood Systems) reforça uma mensagem decisiva: não existe futuro climático possível sem transformar profundamente os sistemas alimentares de maneira justa, inclusiva e resiliente.
O documento evidencia o papel duplo e contraditório dos sistemas alimentares: eles são, ao mesmo tempo, vítimas e causadores da crise climática. De um lado, quase 1 bilhão de pessoas pobres e vulneráveis vivem em áreas rurais dependentes da agricultura para sua alimentação, renda e identidade cultural — todas cada vez mais expostas a secas, enchentes, perdas agrícolas, degradação ambiental e deslocamentos forçados. De outro, o modelo agrícola dominante, baseado em monoculturas, uso intensivo de insumos e degradação do solo, contribui de forma significativa para as emissões de gases de efeito estufa, a perda de biodiversidade e a fragilidade socioeconômica.
A FAO defende que uma transição justa precisa colocar as pessoas no centro. Isso significa proteger os meios de vida, os direitos e a dignidade de agricultores familiares, povos indígenas, pescadores artesanais, trabalhadores rurais, mulheres e jovens — grupos que alimentam o mundo, mas que sofrem a maior parte dos impactos da crise climática.
O relatório aponta oito áreas estratégicas de intervenção:
- Produção resiliente e agroecologia
- Inclusão econômica e trabalho decente
- Proteção social sensível ao clima
- Segurança da terra e dos recursos naturais
- Energia limpa
- Governança territorial integrada
- Políticas de gênero transformadoras
- Respostas adequadas a perdas e danos
Todas essas ações devem seguir princípios como “não causar dano”, participação local, igualdade, respeito aos direitos humanos e financiamento adequado para pequenos produtores.
A conclusão principal é clara: transformar os sistemas alimentares não é apenas uma questão agrícola — é uma condição essencial para erradicar a fome e a pobreza, restaurar a natureza e construir resiliência real diante da crise climática.
E essa transformação só será verdadeiramente justa se não deixar ninguém para trás.
Baixe aqui o documento “Pathways Towards a Just Transition in Agrifood Systems“
