IFZ | 24/10/2023
O diretor-geral do Instituto Fome Zero, José Graziano da Silva, participou nesta terça-feira (24) da 51ª Sessão Plenária do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA) junto com o ministro Wellington Dias, do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS). O evento é parte do Fórum Mundial de Segurança Alimentar e Nutricional e ocorre na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, na Itália, desde segunda-feira (23).
Representantes governamentais e integrantes do setor privado e das organizações da sociedade civil discutirão questões relativas ao combate à fome e a má-nutrição no mundo. Foram realizados vários debates, entre os quais o que discutiu o tema “Lições do Brasil: recuperando-se dos revezes na luta contra a fome e a má-nutrição e os desafios no caminho à frente”. O evento foi organizado pelo MDS, Ministério da Saúde, CONSEA e Instituto Fome Zero.
Em sua apresentação Graziano destacou os principais obstáculos estruturais para acabar com a fome no Brasil de hoje. Entre os problemas, ele ressaltou a contraposição entre menor crescimento econômico e maior concentração de renda; a irradiação da fome por todo o Brasil – com prevalência na Região Norte – e a migração da fome para as regiões metropolitanas. Graziano enfatizou também o envelhecimento da população e o fato de a eficiência das transferências de renda ser menor por não conseguir contemplar os invisíveis e pelos “vazamentos” em função do alto custo pago nos alugueis e transporte público pelos beneficiários desses programas nas regiões metropolitanas.
Na opinião de Graziano, a não geração de empregos de qualidade, a perda do poder de compra do salário mínimo, o desmonte das políticas públicas na área de segurança alimentar e nutricional e a má-nutrição que leva ao sobrepeso e à obesidade, foram os grandes responsáveis pelo crescimento recente da fome no Brasil.
Vale lembrar que o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO, em 2014, e que hoje há condições reais para que esse novo feito possa acontecer. O primeiro passo já foi dado com a determinação do novo governo de acabar com a fome até 2026. Como pontos que favorecem o combate à fome atualmente, Graziano destacou a existência do Cadastro Único; o cruzamento de informações de diferentes bases de dados; o acúmulo das experiências anteriores e o aumento da consciência da população sobre o direito humano à alimentação, que passou a incorporar a Constituição Federal. Outra importante inovação do plano atual é a articulação do SUS-SUAS-SAN como forma de possibilitar a criação de uma porta de entrada para os famintos a nível municipal e a maior articulação entre os ministérios e estruturas intersetoriais, como por exemplo a CAISAN e o CONSEA.