Agropecuária Brasileira na COP30

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Position Paper da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Blog do IFZ | 05/10/2025

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A 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), a ser realizada em novembro, em Belém, marca um momento singular: os 10 anos do Acordo de Paris, tratado multilateral que visa limitar os impactos do aquecimento global. Em linha com os esforços da Presidência da COP30, espera-se que a conferência inaugure uma nova fase nas negociações climáticas, convertendo compromissos e ambições em implementação efetiva de ações que gerem resultados de adaptação e redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), o que se conhece como mitigação.

Na COP30, também se espera conhecer a nova ambição das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), contendo as metas climáticas assumidas pelos países para o período 2031-2035, o que será determinante para impulsionar esta nova fase de implementação.

A agricultura, embora altamente vulnerável aos impactos da mudança do clima, oferece um conjunto estratégico de soluções para enfrentá-la. Secas, enchentes e alterações no regime de chuvas já comprometem a produtividade agrícola, ameaçando cadeias globais de abastecimento. Em contrapartida, a adoção de tecnologias de baixo carbono e de práticas sustentáveis demonstra o potencial do setor para o armazenamento de carbono no solo. Assim, a agricultura se destaca como uma das poucas atividades econômicas capazes de fornecer medidas efetivas de adaptação e mitigação, promovendo um ciclo virtuoso que alia produção, energia limpa e conservação ambiental.

O papel do setor agropecuário como parte da solução é amplamente reconhecido nas NDCs das Partes: das 166 submetidas até setembro de 2024, 141 incluem ações voltadas à agricultura, seja em mitigação, adaptação ou cobenefícios¹.

Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), envolvida na agenda há mais de 10 anos, a agricultura é um componente essencial para o cumprimento das metas do Acordo de Paris e da Agenda 2030, especialmente no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, 12, 13 e 15. Nesse contexto, reforça seu compromisso com a promoção da agropecuária de baixo carbono, alicerçada no Plano ABC+ e na implementação do Código Florestal, ou seja, em políticas de desenvolvimento sustentável fundamentais para o alcance da NDC brasileira.

Entretanto, o pleno aproveitamento do potencial da agricultura como provedora de soluções climáticas depende da superação de gargalos críticos de financiamento. A transição para uma economia de baixo carbono exige recursos de longo prazo, custos de transação reduzidos e instrumentos financeiros adaptados às especificidades do setor agropecuário.

Nesse contexto, o Roadmap Baku-Belém para 1.3T, iniciativa coordenada pelas Presidências da COP29 e da COP30 para mobilização de 1,3 trilhão de dólares em financiamento climático, assume papel essencial ao explorar formas de ampliar os meios de implementação dos países em desenvolvimento. Isso se daria por meio de doações, instrumentos concessionais e não geradores de endividamento, bem como medidas para não prejudicar o espaço fiscal desses países. Ampliar a capacidade das Partes para implementar ação climática, por meio do financiamento, é fundamental para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris.

Em um cenário de instabilidade política, com guerras em curso, medidas protecionistas e políticas tarifárias que desafiam a cooperação internacional, a diversificação das fontes de financiamento emerge como condição indispensável para a nova década do Acordo de Paris. Embora não seja um item formal de negociação, o Roadmap Baku-Belém deverá orientar atores do ecossistema global de financiamento climático, contribuindo para a transição proposta pela Presidência da COP30 e inaugurando uma fase marcada pela implementação.

A estruturação de mecanismos de financiamento em mitigação e adaptação será determinante para destravar projetos capazes de acelerar a implementação do Acordo de Paris. Apesar dos enormes desafios, a COP30 pode representar um marco significativo de transformação de ambições em resultados concretos, inaugurando uma nova etapa das negociações climáticas e do desenvolvimento sustentável.

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