Alimentação ultraprocessada e saúde na terceira idade: novo estudo aponta riscos

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Estudo reforça um alerta cada vez mais difundido entre profissionais de saúde: a alimentação desempenha um papel crucial no envelhecimento saudável. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e dar preferência a alimentos frescos e naturais pode ser um passo essencial para garantir mais qualidade de vida na terceira idade.

Blog do IFZ | 10/02/2025

Baixe aqui o estudo “Ultra-Processed Food Intakes and Health Outcomes in Adults Older Than 60 Years: A Systematic Review

Um estudo sistemático conduzido por pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, revelou associações preocupantes entre o consumo de alimentos ultraprocessados e diversos problemas de saúde em adultos com 60 anos ou mais. Publicado na revista Nutrition Reviews, o levantamento reforça a necessidade de repensar hábitos alimentares na terceira idade.

O impacto dos ultraprocessados na saúde dos idosos

O estudo revisou seis pesquisas observacionais que avaliaram a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a saúde de adultos com 60 anos ou mais. Entre os principais achados, os cientistas identificaram que uma dieta rica nesses alimentos está associada a um maior risco de fragilidade, declínio da função renal, dislipidemia (alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos), obesidade abdominal e pior desempenho cognitivo.

Os pesquisadores destacam que dois dos estudos analisados, de caráter transversal, indicaram uma ligação entre alto consumo de ultraprocessados e piora na cognição e fragilidade nutricional. Já os estudos de coorte apontaram que o consumo frequente desses alimentos pode aumentar significativamente o risco de doenças metabólicas e comprometimento físico em idosos.

Quais alimentos representam maior risco?

Os alimentos ultraprocessados incluem produtos como cereais matinais adoçados, bolachas recheadas, refrigerantes, embutidos e refeições prontas congeladas. Estes produtos, geralmente ricos em açúcares adicionados, sódio e gorduras saturadas, foram os principais responsáveis pelos impactos negativos na saúde observados nos estudos analisados.

Curiosamente, os pesquisadores alertam para um detalhe importante: embora alimentos ultraprocessados sejam frequentemente prejudiciais à saúde, alguns produtos dessa categoria podem fornecer nutrientes essenciais para idosos, como pães enriquecidos e cereais fortificados. Isso sugere que é necessário um olhar mais criterioso na recomendação de dietas para essa faixa etária.

O que fazer para reduzir os riscos?

Os especialistas recomendam priorizar uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, legumes, proteínas magras e grãos integrais. Além disso, substituir ultraprocessados por opções caseiras ou menos industrializadas pode ser uma estratégia eficaz para reduzir os riscos à saúde.

“Embora o estudo não estabeleça uma relação de causa e efeito, há fortes indícios de que reduzir o consumo de ultraprocessados pode trazer benefícios significativos para a saúde dos idosos”, afirmam os pesquisadores.

O estudo reforça a importância de políticas públicas e orientações nutricionais voltadas para a população idosa, garantindo um envelhecimento mais saudável e com melhor qualidade de vida.

Detalhamento dos resultados do estudo

Os pesquisadores analisaram seis estudos observacionais, sendo quatro de coorte e dois transversais, com participantes entre 60 e 73 anos. Nos estudos de coorte, aqueles que consumiam maiores quantidades de alimentos ultraprocessados apresentaram incidências mais altas de dislipidemia, caracterizada por níveis elevados de colesterol LDL e triglicerídeos, além de menor concentração de colesterol HDL, conhecido como “colesterol bom”.

Além disso, um dos estudos indicou que idosos com dietas ricas em ultraprocessados tiveram um declínio mais acentuado da função renal ao longo dos anos. Os pesquisadores associam esse efeito ao alto teor de sódio e aditivos químicos nesses alimentos, que podem sobrecarregar os rins e contribuir para o desenvolvimento de doenças renais crônicas.

Outro aspecto alarmante foi a correlação entre o consumo de ultraprocessados e a obesidade abdominal. Segundo os resultados, indivíduos que ingeriam regularmente esses produtos apresentaram um acúmulo maior de gordura na região abdominal, um fator de risco para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

Em relação à saúde mental, os estudos transversais demonstraram que idosos com maior consumo de ultraprocessados obtiveram desempenhos inferiores em testes cognitivos, especialmente em áreas como memória e fluência verbal. Isso pode estar relacionado à presença de conservantes e açúcares refinados, que impactam negativamente a função cerebral e aumentam o risco de demência a longo prazo.

A necessidade de novas pesquisas e recomendações

Apesar das evidências apontadas pelo estudo, os próprios pesquisadores destacam a necessidade de mais investigações para estabelecer uma relação direta de causa e efeito entre o consumo de ultraprocessados e os impactos na saúde dos idosos. Eles sugerem que estudos futuros devem incluir análises mais detalhadas sobre os mecanismos pelos quais esses alimentos influenciam o organismo na terceira idade.

Enquanto novas pesquisas são conduzidas, especialistas recomendam que idosos e seus familiares busquem orientações nutricionais adequadas. Pequenas mudanças na dieta, como aumentar a ingestão de fibras, proteínas de qualidade e alimentos naturais, podem ter um impacto positivo significativo na saúde e no bem-estar dessa população.

Conclusão

O estudo reforça um alerta cada vez mais difundido entre profissionais de saúde: a alimentação desempenha um papel crucial no envelhecimento saudável. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e dar preferência a alimentos frescos e naturais pode ser um passo essencial para garantir mais qualidade de vida na terceira idade. O desafio agora é conscientizar a população e implementar políticas públicas eficazes para promover uma alimentação mais equilibrada e acessível para os idosos.

Baixe aqui o estudo “Ultra-Processed Food Intakes and Health Outcomes in Adults Older Than 60 Years: A Systematic Review