Blog do IFZ | 10/09/2025
O novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), “Alimentando o Lucro: Como os ambientes alimentares estão falhando com as crianças”, lançado em setembro de 2025, revela um cenário alarmante: milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo estão crescendo cercados por ambientes alimentares dominados por produtos ultraprocessados — refrigerantes, salgadinhos, doces e fast food — amplamente acessíveis e promovidos de forma agressiva.
O resultado é um aumento acelerado do sobrepeso e da obesidade, inclusive em países que ainda enfrentam altas taxas de desnutrição infantil.
O documento mostra que, pela primeira vez, a obesidade já superou a desnutrição como a forma predominante de má nutrição entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Em 2022, 391 milhões de jovens nessa faixa etária viviam com excesso de peso, quase o dobro do registrado em 2000. A América Latina e o Caribe aparecem entre as regiões mais afetadas, confirmando a gravidade da transição nutricional.
O impacto vai além da saúde física. Crianças e adolescentes com obesidade enfrentam riscos maiores de doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares, além de sofrerem com baixa autoestima, ansiedade e depressão. As famílias são pressionadas financeiramente pelo aumento das despesas médicas, enquanto sociedades e economias arcam com custos crescentes em saúde e perdas de produtividade.
O relatório destaca ainda a influência desproporcional da indústria de ultraprocessados, que utiliza estratégias políticas, de marketing e lobby para enfraquecer medidas de proteção à infância. Em países de baixa e média renda, a expansão de supermercados, aplicativos de entrega e parcerias público-privadas tem ampliado o acesso a esses produtos, inclusive dentro das escolas.
A UNICEF defende uma resposta imediata e transformadora para garantir o direito das crianças à alimentação adequada. Isso inclui políticas públicas mais rigorosas, fortalecimento da proteção social e mobilização da sociedade civil contra os interesses comerciais que minam a saúde infantil.
Principais mensagens e recomendações:
- O excesso de peso infantil cresce em ritmo acelerado, com a obesidade já superando a desnutrição em escala global.
- Ambientes alimentares são inundados por ultraprocessados baratos, agressivamente promovidos e pouco regulados.
- A indústria exerce influência política e econômica que impede avanços regulatórios e explora até situações de crise.
- Governos devem adotar políticas abrangentes e obrigatórias para limitar ultraprocessados, garantir acesso a alimentos nutritivos e proteger crianças da interferência comercial.
Baixe aqui o relatório “The 2025 Child Nutrition Report – ‘Feeding Profit: How food environments are failing children“
Baixe aqui o resumo do relatório “Alimentando o Lucro: Como os ambientes alimentares estão falhando com as crianças“
