Blog do IFZ | 27/02/2024
Na tarde desta segunda-feira (26), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou uma parceria estratégica com a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) para construir uma plataforma inovadora destinada a mobilizar o financiamento climático no Brasil.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Ambição e Soluções Climáticas, Mark Carney, uniram forças para assinar uma carta de intenção durante o prestigiado Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas em São Paulo. Esta iniciativa proativa surge antes do aguardado encontro do G20, onde altos funcionários financeiros se reunirão na capital paulista para discutir questões cruciais relacionadas à economia global.
A plataforma, concebida pelo BNDES, visa unir esforços de financiamento em projetos sustentáveis, destacando a transição energética e o reflorestamento da Amazônia como prioridades iniciais do governo. Mercadante, em entrevista após a assinatura da carta de intenção, ressaltou a importância estratégica deste empreendimento para a economia brasileira e para a proteção do meio ambiente.
Enquanto o BNDES assume a vanguarda neste esforço colaborativo, a GFANZ, representada por Carney, oferece suporte adicional para a realização desta visão ambiciosa. Embora a GFANZ seja uma coalizão global de instituições financeiras, seu papel neste empreendimento é de suporte, enquanto o BNDES lidera a execução e o desenvolvimento da plataforma.
A iniciativa, que visa atrair investimentos nacionais e internacionais para projetos de descarbonização no Brasil, marca um passo significativo na agenda de crescimento verde e no cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. A liderança do BNDES neste projeto é crucial para garantir que o Brasil se posicione como um líder global na luta contra as mudanças climáticas.
Enquanto a GFANZ desempenha um papel de apoio neste empreendimento, o BNDES surge como o motor principal que impulsiona essa parceria em direção a um futuro mais sustentável e resiliente para o Brasil e para o mundo.
Descarbonização da Economia Brasileira: Desafios e Vantagens Estruturais
O Brasil, embora confrontado com desafios significativos na redução de suas emissões de gases de efeito estufa, apresenta vantagens estruturais distintas que o colocam em uma posição estratégica para abordar a descarbonização de sua economia. Este estudo analisa os principais vetores e desafios para a descarbonização em diferentes setores, destacando o papel crucial que o país desempenha nesse contexto global.
Uma das principais vantagens competitivas do Brasil reside em sua matriz energética notavelmente limpa, onde fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa, contribuem significativamente para a produção de energia elétrica. Com quase 89% de participação das fontes renováveis em 2022, o Brasil demonstra um compromisso efetivo com a transição para uma economia mais sustentável.
Apesar desses avanços, desafios persistem, especialmente no que diz respeito à dependência contínua de fontes não renováveis de energia, como carvão, petróleo e gás natural, que representam mais da metade da matriz energética total do país. A transição para fontes renováveis é fundamental para enfrentar esse desafio e é uma das estratégias centrais para a descarbonização em vários setores econômicos.
A agricultura e o uso da terra representam outro vetor significativo para a descarbonização. Reduzir o desmatamento ilegal, promover práticas agrícolas sustentáveis e restaurar ecossistemas degradados são áreas críticas que podem contribuir para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
Nos transportes, a adoção de veículos elétricos e o aumento do uso de combustíveis sustentáveis são medidas essenciais para reduzir as emissões de carbono. Na indústria, a transição para tecnologias mais limpas, como o hidrogênio verde e a bioenergia, é fundamental para a descarbonização eficaz.
Considerando as mudanças necessárias para alcançar uma economia com zero emissões de carbono até 2050, estima-se que serão necessários investimentos significativos, aproximadamente US$ 80 bilhões anuais, para financiar essa transição. No entanto, esses investimentos não apenas contribuirão para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também impulsionarão o crescimento econômico e a criação de empregos.
Em comparação com outros grandes emissores globais, o Brasil apresenta um perfil de emissões distinto, com uma participação considerável de fontes renováveis em sua matriz energética. Enquanto países como China, Estados Unidos e Índia dependem fortemente de combustíveis fósseis, o Brasil está em uma posição favorável para liderar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono.
Em suma, a descarbonização da economia brasileira representa não apenas um desafio, mas também uma oportunidade única para o país consolidar sua posição como líder global na luta contra as mudanças climáticas e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.