Descubra os incríveis benefícios da batata-doce, o superalimento que transforma saúde em desempenho físico

  • Tempo de leitura:10 minutos de leitura

Conheça os vários motivos para desfrutar do sabor da batata-doce

Por Beatriz Riverón | 04/09/2024

Informação geral

A batata-doce, além de ter um sabor agradável (levemente adocicado, sendo uma ótima opção para receitas doces ou salgadas), é um alimento muito saudável. Existem vários motivos para aproveitar seus benefícios. A batata-doce (Ipomoea batatas L. Lam, família Convolvulaceae) é uma planta nativa dos Andes, que se espalhou pelos trópicos e subtrópicos. É a sexta cultura mais importante, amplamente distribuída em todo o mundo, com abundantes variedades que possuem cores branca, amarela, violeta e avermelhada, e diferentes perfis fenólicos, compostos que têm atraído a atenção dos pesquisadores por seus benefícios únicos à saúde.

A batata-doce é reconhecida como uma das culturas de raízes mais importantes do mundo pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. O seu rendimento está intimamente correlacionado com a taxa de formação e expansão da raiz de armazenamento. Estudos recentes identificaram o gene SBEI, envolvido no metabolismo do amido, e os fatores de transcrição ARF6, NF-YB3 e NF-YB10, todos significativamente regulados positivamente durante o processo de desenvolvimento da raiz, importantes na biossíntese de metabólitos que aumentam o rendimento da batata-doce.

Por outro lado, a batata-doce é considerada uma cultura de matéria-prima para a produção de amido e álcool. Os resultados também mostraram que as variedades de polpa roxa apresentam um maior teor de fenóis totais do que outras variedades, e essas substâncias possuem alta capacidade antioxidante, bem como atividades antiproliferativas celulares contra o câncer de fígado humano.

A batata-doce é uma fonte saudável de carboidratos e conquistou a fama de ser o alimento preferido de quem quer ganhar massa muscular.

Benefícios e propriedades nutracêuticas da batata-doce

  • As antocianinas presentes nesta raiz protegem do estresse oxidativo as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.
  • A batata-doce produz saciedade, o que pode contribuir para a perda de peso.
  • É rica em vitamina A, melhorando a visão. Por ser um alimento rico em betacaroteno, precursor da vitamina A, tem forte relação com os cuidados oftalmológicos, pois essa vitamina ajuda a proteger a córnea. A deficiência de vitamina A é um problema de saúde global e, apesar de investimentos e iniciativas financeiras significativas, não foi erradicada. A biofortificação de alimentos básicos com β-caroteno (pró-vitamina A) em países de baixo e médio rendimento é a abordagem defendida e adotada pela OMS. Vários carotenoides foram identificados na variedade de batata-doce de cor laranja, dos quais oito possuem propriedades de pró-vitamina A. Além disso, a batata-doce roxa contém antocianina, um flavonoide que previne sintomas como fadiga ocular, visão dupla ou turva.
  • Contribui para o ganho de massa muscular. Por ser fonte de carboidratos, fornece energia gradativamente para as atividades físicas, evitando quedas bruscas nos níveis de glicose e fraqueza muscular, o que melhora o desempenho durante os treinos. Além disso, o consumo de batata-doce ajuda no ganho de massa muscular, já que o aumento da massa magra depende não só da prática de exercícios, mas também do equilíbrio da ingestão de proteínas e carboidratos.
  • As fibras e antioxidantes presentes na batata-doce promovem a saúde intestinal. Quando cozida e resfriada, também fornece amido resistente, um tipo de carboidrato que, ao passar pelo intestino grosso, alimenta bactérias benéficas, as quais estão associadas a um menor risco de doenças como síndrome do intestino irritável e diarreia. Portanto, atua como prebiótico e melhora o desenvolvimento da microbiota intestinal.
  • Fortalece o sistema imunológico. As vitaminas A e C presentes na batata-doce atuam como antioxidantes, protegendo o organismo da ação nociva do excesso de radicais livres e, assim, das infecções.
  • É um aliado da pressão arterial adequada; os minerais presentes, como zinco, cálcio, magnésio, ferro, manganês e potássio, melhoram o tônus vascular e ajudam a reduzir a hipertensão.
  • Ajuda a regular o metabolismo, pois é fonte de vitaminas do complexo B, que atuam como coenzimas em diversas reações do metabolismo celular.
  • Promove a saúde do coração, pois é rica em fibras solúveis, como a pectina, e em antioxidantes que ajudam a reduzir os níveis de LDL (Lipoproteína de Baixa Densidade, associada ao “colesterol ruim”), prevenindo doenças cardiovasculares e outras complicações.
  • Constitui uma fonte de fitoquímicos lipofílicos. Extratos lipofílicos de raízes de diversas cultivares de batata-doce foram avaliados para fornecer informações sobre suas propriedades nutricionais e potenciais benefícios à saúde. Ácidos graxos e esteróis foram os principais compostos identificados. Os ácidos graxos saturados e insaturados mais abundantes são o ácido hexadecanóico e o ácido octadeca-9,12-dienóico, respectivamente. O β-sitosterol foi o principal fitosterol encontrado, seguido pelo campesterol. Também foram detectados álcoois alifáticos de cadeia longa e α-tocoferol, mas em quantidades menores. Os resultados sugerem que a batata-doce deve ser considerada uma importante fonte alimentar de fitoquímicos lipofílicos saudáveis.
  • Os produtos residuais da batata-doce roxa (folhas e caules) também são aproveitáveis. Neles, foi encontrada uma fonte de potentes antioxidantes, constituída por fenóis, flavonoides, luteolina 7-O-glicosídeo, rutina, quercetina, kaempferol e apigenina.

Observações

  • A presença de cristais insolúveis de oxalato de cálcio na batata-doce pode afetar negativamente sua qualidade nutricional em pessoas com histórico de cálculos renais, devendo, por isso, ser consumida com moderação.
  • O consumo de batata-doce é considerado seguro para a maioria das pessoas. Porém, é preciso controlar a quantidade ingerida, pois seu teor de carboidratos pode levar ao ganho de peso corporal.

Referências bibliográficas

Anastácio, A.; Silva, R.; Carvalho, I. S. (2016). Phenolics extraction from sweet potato peels: modelling and optimization by response surface modelling and artificial neural network. J Food Sci Technol 53(12):4117-4125.

Drapal, M.; Fraser, P. D. (2019). Determination of carotenoids in sweet potato (Ipomoea batatas L., Lam) tubers: Implications for accurate provitamin A determination in staple sturdy tuber crops. Phytochemistry 167:112102.

Cordeiro, N.; Freitas, N.; Faria, M.; Gouveia, M. (2013). Ipomoea batatas (L.) Lam.: a rich source of lipophilic phytochemicals. J Agric Food Chem 61(50):12380-4.

Gouveia, C. S.; Ganança, J. F.; Lebot, V.; de Carvalho, M. A. P. (2020). Changes in oxalate composition and other nutritive traits in root tubers and shoots of sweet potato (Ipomoea batatas L. [Lam.]) under water stress. J Sci Food Agric 100(4):1702-1710.

Su, Y.; Pa, Z.; Yang, C.; Jia, Z.; Guo, X. (2019). Comparative Assessment of Phenolic Profiles, Cellular Antioxidant and Antiproliferative Activities in Ten Varieties of Sweet Potato (Ipomoea batatas) Storage Roots. Molecules 24(24):4476.

Chen, S. P.; Kuo, Y. W.; Lin, J. S. (2023). Review: Defense responses in sweetpotato (Ipomoea batatas L.) against biotic stress. Plant Sci, 337:111893.

Insanu, M.; Amalia, R.; Fidrianny, I. (2022). Potential Antioxidative Activity of Waste Product of Purple Sweet Potato (Ipomoea batatas Lam.). Pak J Biol Sci, 25(8):681-687.

Song, W.; Yan, H.; Ma, M.; Kou, M.; Li, C.; Tang, W.; Yu, Y.; Hao, Q.; Nguyen, T.; Wang, X.; Zhang, Z.; You, C.; Gao, R.; Zhang, Y.; Li, Q. (2022). Comparative Transcriptome Profiling Reveals the Genes Involved in Storage Root Expansion in Sweetpotato (Ipomoea batatas (L.) Lam.). Genes (Basel), 13(7):1156.

Fonte original em espanhol (modificada)
https://actualfruveg.com/2021/02/27/boniatos-sabor-beneficios/

Beatriz Riverón

Beatriz Riverón é doutora em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Microrganismos, pelo ICB/USP.
Foi colaboradora do Instituto Butantan e professora adjunta da Universidade Mackenzie. Atualmente, está aposentada, escreve para revistas eletrônicas especializadas e é colaboradora regular do Blog do IFZ.