Blog do IFZ | 03/07/2025
Baixe aqui o relatório “The Status of Youth in Agrifood Systems”
Mais de 1,3 bilhão de jovens entre 15 e 24 anos vivem atualmente no planeta. Segundo o novo relatório da FAO, The Status of Youth in Agrifood Systems, essa geração carrega o peso de produzir mais alimentos, substituir uma força de trabalho rural em envelhecimento e, ao mesmo tempo, enfrentar secas, enchentes e eventos climáticos extremos.
Quase 85% desses jovens vivem em países de baixa e média renda, onde a agricultura e os sistemas alimentares são o centro da economia. São eles que plantam, colhem, processam, transportam e consomem alimentos. Melhorar sua inclusão nos sistemas agroalimentares pode representar até um trilhão de dólares a mais na economia global.
Mas a realidade ainda está distante desse potencial. Entre os períodos de 2014–2016 e 2021–2023, a insegurança alimentar entre os jovens aumentou de 16,7% para 24,4%. A situação é especialmente grave na África, onde a combinação de pobreza, desemprego e fome pressiona essa geração. Em média, 44% dos jovens empregados no mundo atuam nos sistemas agroalimentares, frente a 38% dos adultos. No entanto, esse número esconde grandes disparidades: em países em situação de crise prolongada, 82% dos jovens dependem da agricultura, enquanto nos sistemas industriais essa taxa cai para apenas 23%.
O relatório também destaca que mais de 20% dos jovens em todo o mundo não trabalham, não estudam nem participam de qualquer programa de capacitação. As mulheres jovens têm o dobro de chances de se enquadrar nessa categoria. Se o mundo conseguisse eliminar esse desemprego, o PIB global poderia crescer 1,4%, gerando até 1,5 trilhão de dólares em nova riqueza — quase metade desse valor viria dos sistemas alimentares.
Para reverter esse cenário, a FAO recomenda ampliar a voz e o poder de decisão dos jovens, garantir acesso à capacitação, crédito, terra, proteção social, recursos e oportunidades — tanto no meio rural quanto no urbano. Vale lembrar que 54% dos jovens vivem em áreas urbanas, mas muitos dos que moram no campo estão em regiões com alto potencial agrícola. Isso reforça a importância de investir em infraestrutura e no acesso a mercados.
O clima continua sendo uma ameaça. Cerca de 395 milhões de jovens rurais vivem em áreas onde a produtividade agrícola deve cair nas próximas décadas, sobretudo na África Subsaariana.
O relatório projeta um crescimento de 65% na população jovem africana até 2050. Entretanto, a proporção de jovens trabalhando em sistemas alimentares caiu de 54%, em 2005, para 44%, em 2021. Outro dado alarmante: jovens de 15 a 24 anos representam 16,2% dos migrantes internacionais da África Subsaariana e 15,2% da América Latina e Caribe.
Para enfrentar esses desafios, o estudo propõe três caminhos estratégicos: inquirir mais (preencher lacunas de dados e conhecimento), incluir mais (dar voz aos jovens nas decisões políticas) e investir mais (abrir oportunidades econômicas reais).
Na prática, isso significa implementar políticas direcionadas para garantir que a juventude tenha acesso a crédito, terra, tecnologia digital, programas de migração segura e trabalho digno — em um setor que, ironicamente, alimenta o mundo, mas ainda exclui grande parte daqueles que nele trabalham.
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