Por Esmael Morais no Blog do Esmael | 11/04/2025
A dança das cadeiras recomeçou no Planalto. Após a demissão do ministro Juscelino Filho (União Brasil) e o avanço das pressões políticas, o presidente Lula (PT) voltou a colocar a reforma ministerial sobre a mesa. E, nos bastidores, o nome da ex-vereadora de Londrina e ex-ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, desponta como uma peça-chave nesse xadrez.
Fontes do PT e do Palácio do Planalto revelaram ao Blog do Esmael que Márcia já aceitou o convite informal de Lula para voltar ao governo. Agora, resta ao presidente “destravar” a reforma para oficializar a nomeação. Ela já comandou o Ministério do Desenvolvimento Social, no segundo governo Lula, mas desta vez ela foi escalada para o Ministério das Mulheres, atualmente ocupado por Cida Gonçalves.
Lula encantado com a trajetória de Márcia Lopes
A escolha foi realizada após conversas entre Lula, senadores e líderes da Câmara, como Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo relatos de interlocutores, o presidente ficou “encantado com a bagagem e a desenvoltura” de Márcia nos temas relacionados às Mulheres. A ministra Gleisi Hoffmann também articulou nos bastidores para dar mais peso técnico e político à nova formação ministerial.
Para Lula, Márcia poderia “dar uma nova cara” ao Ministério das Mulheres. A nova ministra é irmã de Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Dilma Rousseff (PT). Ele atuava na interlocução com os movimentos sociais, área onde tinha capilaridade e respeito.
As peças do tabuleiro: quem entra e quem sai?
A reforma ministerial, que até recentemente era dada como congelada, foi reacendida após a queda de Juscelino Filho, acusado de corrupção pela PGR, no exercício do mandato de deputado federal pelo Maranhão. Lula havia prometido adiar mudanças para 2026, quando começará a montar sua coalizão eleitoral. Mas os ventos políticos forçaram a antecipação das trocas.
Veja os nomes mais cotados até agora:
- Desenvolvimento Agrário: deve sair Paulo Teixeira e entrar Edegar Pretto, atual presidente da Conab.
- Ministério das Mulheres: saída de Cida Gonçalves é certa; Márcia Lopes vai assumir.
- Secretaria-Geral da Presidência: Márcio Macêdo na berlinda; Guilherme Boulos (PSOL) é cogitado.
No caso do Ministério das Comunicações, Lula chegou a aceitar a indicação de Pedro Lucas (União-MA), mas o deputado ainda não bateu o martelo. A decisão deve sair apenas após a Páscoa.
Clima azedo no Ministério das Mulheres
A substituição de Cida Gonçalves não é mera coincidência. A ministra foi alvo de denúncias de assédio moral por ex-servidoras, especialmente após a demissão da secretária Carmen Foro. Os relatos indicam um ambiente de trabalho tóxico, com casos de burnout e crises de ansiedade. Apesar de a Comissão de Ética Pública ter arquivado as acusações, o episódio minou sua permanência.
Pressão dos movimentos sociais e articulação da esquerda
A possível ida de Boulos para a Secretaria-Geral mira a reaproximação com movimentos sociais, insatisfeitos com o atual titular da pasta. No entanto, o fracasso do ato contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro em São Paulo, convocado pelo deputado, pode ter enfraquecido sua candidatura. O evento reuniu 5.500 pessoas — menos de um quarto do público pró-Bolsonaro no mesmo local semanas antes.
Lula fará reforma ampla ou pontual?
Pontual, por enquanto. Apesar da pressão do Centrão e dos partidos aliados por mais espaço no governo, o presidente Lula sinaliza que pretende fazer mudanças cirúrgicas, sem abrir mão de ministros estratégicos. A saída de Juscelino Filho das Comunicações acelerou a articulação, mas o foco atual é resolver pendências políticas específicas e reforçar áreas sensíveis, como Desenvolvimento Social, Mulheres e interlocução com movimentos sociais. Uma reforma mais ampla só deve ocorrer em 2026, com vistas à sucessão presidencial.
Qual o papel de Gleisi Hoffmann nos bastidores?
Central e estratégico. Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais e responsável pela articulação política do governo Lula, tem sido peça-chave nas negociações da reforma ministerial. É ela quem conversa com líderes partidários, costura acordos e atua para manter o equilíbrio entre forças progressistas e o Centrão. No caso de Márcia Lopes, por exemplo, foi Gleisi quem articulou sua volta ao núcleo do governo como forma de fortalecer a identidade social do PT nas pastas ministeriais.
Márcia Lopes tem apoio político suficiente?
Sim — e já foi escolhida por Lula. A ex-ministra Márcia Lopes já foi escolhida por Lula para assumir o Ministério das Mulheres, segundo fontes do Blog do Esmael. O anúncio oficial ainda não ocorreu porque o presidente aguarda a consolidação de acordos mais amplos da reforma ministerial, que envolvem outras pastas e a costura com o Centrão.
Nos bastidores, Márcia é considerada um nome técnico com forte respaldo político, especialmente entre movimentos sociais, parlamentares do PT e líderes feministas. Sua volta ao primeiro escalão também é um gesto simbólico de Lula, que busca requalificar a política para as mulheres com experiência e diálogo social. Além disso, a articulação conta com o apoio direto de Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, o que reforça ainda mais sua base de sustentação no governo.
Lula entre o pragmatismo e a retomada do legado social
A escolha de Márcia Lopes para o Ministério das Mulheres, mesmo ainda não oficializada, representa um gesto simbólico de reconexão com as origens sociais e populares do lulismo. Ex-ministra do Desenvolvimento Social e defensora histórica das políticas públicas voltadas aos mais vulneráveis, Márcia personifica o compromisso do presidente com o resgate de um modelo de governo voltado à inclusão e à equidade.
Ao mesmo tempo, Lula atua com habilidade pragmática para preservar a coalizão que sustenta seu governo no Congresso, especialmente diante das demandas do Centrão e da necessidade de manter estabilidade até as eleições de 2026. A reforma ministerial que se desenha, portanto, não é apenas troca de cadeiras, mas um esforço calculado de recompor forças sem trair os princípios do projeto petista.
Nesse movimento, o presidente aposta em figuras com trajetória reconhecida — como Márcia Lopes — para reoxigenar as áreas sociais e sinalizar à militância e aos movimentos que o governo ainda está atento às suas pautas.
Publicado originalmente no blog do autor
https://www.esmaelmorais.com.br/lula-define-marcia-lopes-para-o-ministerio-das-mulheres/