Por Insttituto Fome Zero
Impossível falar de Reforma Agrária e Combate à Fome no Brasil sem mencionar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que completou 40 anos de luta em 22 de janeiro. De 1984 até hoje, muitas batalhas foram vencidas, muito sangue foi derramado, mas o MST continuou firme no seu propósito de democratizar o acesso à terra e de levar comida à mesa das brasileiras e brasileiros.
Ao longo dessa história, marcada por batalhas e resiliência, o MST foi se consolidando e hoje é o principal movimento social capaz de fazer um contraponto ao agronegócio em relação ao modelo produtivo utilizado. Esse tipo de produção privilegia o monocultivo de commodities na base do “quanto mais, melhor”, muitas vezes desconsiderando o elevado uso de agrotóxicos, o avanço destrutivo da fronteira agrícola, a redução da biodiversidade, a poluição das águas e a exploração brutal dos trabalhadores e trabalhadoras.
Se pudéssemos fazer uma síntese do MST, as palavras seriam enfrentamento e solidariedade. Por um lado, o Movimento faz um embate necessário às estruturas que produzem a fome e, assim, as bandeiras de luta vão se abrindo como um leque. Por outro, defende que relações sociais saudáveis produzem alimentos saudáveis, que servem para promover a segurança alimentar e nutricional e fomentar o afeto pela nossa terra, pelo nosso País. Não poderemos nunca nos esquecer de como o MST demonstrou sua humanidade durante a pandemia de Covid-19, ao distribuir toneladas de alimentos para os invisíveis da fome.
Nos anos mais recentes, o MST adotou a bandeira da Agroecologia, que produz alimentos sem agrotóxicos e trabalha com o reflorestamento, recuperação de nascentes, plantio de sementes não transgênicas e a prática de cultivar diversas lavouras em um mesmo terreno. São ações conjuntas e interligadas da mais alta relevância para o enfrentamento das catástrofes ecológica e climática já em curso. Afinal, as práticas inadequadas de agropecuária são o principal fator individual da mudança climática no mundo e que no Brasil, como sabemos, agravará as dificuldades para a produção de alimentos.
Assim, ao se engajar na defesa da transição agroecológica – o que inclui desenvolver os princípios da agroecologia entre os próprios membros do Movimento –, o MST tem mostrado para o Brasil e para o Mundo que é possível adotar um novo projeto para o campo, que dê prioridade à justiça social e ao meio ambiente, contribuindo para a melhoria da alimentação nas zonas rurais e urbanas, sem descuidar da defesa das causas das minorias, como os quilombolas e indígenas. E o Movimento mostra isso em números: é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina.
O Instituto Fome Zero reconhece o imprescindível papel do MST para o avanço da Reforma Agrária e da produção de alimentos saudáveis, para o respeito ao meio ambiente e para a organização e acolhida de homens e mulheres do campo. Com certeza, essa história de 40 anos transformou o Brasil em um país mais justo e mais democrático, mais humano e mais solidário, mais forte e mais promissor. Agora, ficamos na torcida para que as ações relativas às cozinhas solidárias sejam um sucesso retumbante na conexão entre os produtores e produtoras de comida e as pessoas que não têm o Direito Humano à Alimentação assegurado nas cidades.
Parabéns aos milhares de assentados e assentadas da Reforma Agrária e força para que os acampados continuem na luta do acesso à terra. Vamos em frente! O Brasil precisa de vocês.
Publicado no Mídia Ninja
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