Repolho: propriedades nutricionais, medicinais e como ele ajuda na saúde do coração, digestão e controle do colesterol

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Por Beatriz Riverón | 27/09/2024

Informação geral

O repolho, assim como outras espécies do gênero Brassica, contém um amplo espectro de nutrientes e componentes bioativos, responsáveis por seu potencial de promoção à saúde.
O repolho (Brassica oleracea subsp. capitata (L.), da família Brassicaceae), é uma planta herbácea comestível cujas folhas formam uma cabeça compacta característica. É nativo de uma vasta área da Europa, com formas selvagens encontradas em locais tão diversos quanto Dinamarca e Grécia. Aparentemente, foi cultivado pelos egípcios há 2.500 anos a.C. e, mais tarde, pelos gregos.
As diferentes variedades consumidas hoje foram obtidas a partir de espécies silvestres, conhecidas há séculos, para adaptá-las às diferentes condições climáticas.

É consumido cozido, cru e até como chucrute (forma fermentada utilizada como condimento ou acompanhamento). É também utilizado na medicina tradicional em todo o mundo.

Propriedades nutricionais e farmacológicas do repolho

  • É rico em vitamina C, vitamina A, cálcio e β-caroteno, além de possuir alto teor de fibras e biocompostos ativos.
  • As plantas do gênero Brassica contêm um amplo espectro de componentes bioativos responsáveis pelo seu potencial de promoção à saúde, como vitaminas, polifenóis e glicosinolatos.
  • Diferentes preparações de diversas partes da planta (raízes, brotos, folhas e toda a planta) são utilizadas para tratar uma ampla gama de doenças, incluindo diabetes, câncer, inflamação gástrica, hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade, e também como anticoagulante e hepatoprotetor.
  • O repolho contém pouquíssimas calorias e grande quantidade de nutrientes. É rico em proteínas, fibras, vitamina K, vitamina C e vitaminas do complexo B, como ácido fólico (vitamina B9) e piridoxina (vitamina B6), que são essenciais para muitos processos importantes no organismo, incluindo o metabolismo e o funcionamento do sistema nervoso.
  • Também é rico em minerais como cálcio, manganês, magnésio e potássio, além de conter pequenas quantidades de outros micronutrientes, como vitamina A, ferro e riboflavina (vitamina B2).
  • Contém poderosos antioxidantes, incluindo polifenóis e compostos de enxofre.

Os flavonoides representam uma classe de metabólitos secundários típicos das espécies de Brassica. Seu potencial como antioxidante natural despertou considerável interesse científico. Portanto, os impactos no organismo humano após o consumo como alimento, bem como seus efeitos como suplementos farmacêuticos, estão sendo constantemente investigados.

Suas inúmeras funções fisiológicas fazem deles uma ferramenta promissora para fins terapêuticos. Além disso, as espécies de Brassica são notáveis por sua capacidade de sintetizar glicosinolatos.

  • Ajuda a manter a inflamação sob controle
    A inflamação nem sempre é ruim, pois o organismo depende da resposta inflamatória para se proteger contra infecções e acelerar as curas. No entanto, a inflamação crônica (que ocorre por longos períodos) está associada a muitos problemas, como doenças cardíacas, artrite reumatoide e doenças inflamatórias intestinais.
    Sulforafano, kaempferol e outros antioxidantes encontrados em vegetais brássicos, como o repolho, são provavelmente os principais responsáveis pelo efeito anti-inflamatório.
  • É rico em vitamina C
    A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, é uma vitamina solúvel em água que desempenha uma série de funções no corpo humano. Ela é essencial para a produção de colágeno, uma proteína que proporciona flexibilidade à pele e é fundamental para o bom funcionamento das articulações, músculos e vasos sanguíneos.
    Além disso, a vitamina C ajuda na absorção do ferro não heme, presente em alimentos vegetais. Também é um poderoso antioxidante e tem sido amplamente estudada por suas possíveis qualidades no combate ao câncer. A vitamina C protege o organismo dos danos causados pelos radicais livres, associados a muitas doenças crônicas e degenerativas. O repolho verde e o repolho roxo são excelentes fontes desse antioxidante, mas o repolho roxo contém cerca de 30% a mais.
  • Melhora a digestão
    O repolho é muito rico em fibras insolúveis, um tipo de polissacarídeo que não é hidrolisado no intestino, ajudando a manter o sistema digestivo saudável ao adicionar volume às fezes e promover movimentos intestinais regulares.
  • Além disso, o repolho é um prebiótico rico em fibras solúveis, o que aumenta a população de bactérias benéficas no intestino, como bifidobactérias e lactobacilos. Esses microrganismos desempenham funções importantes, como proteger o sistema imunológico e produzir nutrientes essenciais, como as vitaminas K2 e B12 (cobalamina).
  • O repolho é bom para o coração
    O repolho roxo, especialmente, contém pigmentos chamados antocianinas, que proporcionam sua cor vibrante. As antocianinas pertencem à família dos flavonoides. Muitos estudos encontraram uma relação entre a ingestão de alimentos ricos nesse pigmento e um menor risco de doenças cardíacas.
    Aumentar a ingestão de antocianinas na dieta também reduz a pressão arterial e o risco de doenças arteriais e coronarianas. O repolho contém mais de 36 tipos diferentes de antocianinas, tornando-o uma ótima opção para prevenir doenças cardíacas.
  • Colabora no controle da pressão arterial
    A hipertensão arterial afeta mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo e é um importante fator de risco para doenças cardíacas e derrames. Os médicos costumam aconselhar os pacientes com pressão alta a reduzir a ingestão de sal. No entanto, evidências recentes sugerem que aumentar o potássio na dieta também é importante para reduzir a pressão arterial, pois ajuda a excretar o excesso de sódio pela urina. Este mineral também relaxa as paredes dos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão arterial.
    Embora sódio e potássio sejam importantes para a saúde, as dietas modernas tendem a ser ricas em sódio e pobres em potássio. O repolho roxo é uma excelente fonte de potássio.
  • Ajuda a reduzir o nível de colesterol
    O colesterol é uma substância cerosa e gordurosa encontrada em todas as células do corpo. Algumas pessoas acreditam que existe “colesterol ruim” e “colesterol bom”, mas o colesterol é sempre o mesmo; o problema surge quando ele se associa às lipoproteínas de baixa densidade (LDL, do inglês Low Density Lipoprotein), que transportam o colesterol do fígado para a corrente sanguínea.
    O colesterol é importante porque processos críticos, como a digestão (pelos ácidos biliares, cujo precursor é o colesterol), a síntese de hormônios e de vitamina D, dependem dele. Porém, pessoas com níveis elevados de colesterol LDL tendem a ter maior risco de doenças cardíacas. O repolho pode ser um aliado, pois contém duas substâncias que ajudam a reduzir os níveis de LDL: a fibra solúvel, que se liga ao colesterol no intestino, impedindo sua absorção, e os fitoesteróis, compostos vegetais que bloqueiam a absorção do colesterol no trato digestivo.
  • É uma rica fonte de vitamina K
    A vitamina K é um conjunto de compostos lipossolúveis que desempenham muitas funções importantes no organismo, divididos em dois grupos principais: vitamina K1 (filoquinona), encontrada principalmente em fontes vegetais, e vitamina K2 (menaquinona), encontrada em fontes animais e alguns alimentos fermentados, além de ser produzida por bactérias no intestino grosso.
    O repolho é uma ótima fonte de vitamina K1. Uma de suas principais funções é atuar como cofator das enzimas responsáveis pela coagulação do sangue. Outra função está relacionada à regulação do íon cálcio na matriz óssea, como parte da osteocalcina (proteína óssea). Portanto, a vitamina K é importante tanto para o desenvolvimento do esqueleto quanto para a manutenção de ossos saudáveis.

Tabela nutricional do repolho

Repolho Tabela Nutricional

Referências Bibliográficas

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Beatriz Riverón

Beatriz Riverón é doutora em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Microrganismos, pelo ICB/USP.
Foi colaboradora do Instituto Butantan e professora adjunta da Universidade Mackenzie. Atualmente, está aposentada, escreve para revistas eletrônicas especializadas e é colaboradora regular do Blog do IFZ.