Rotulagem nutricional: os impactos no Chile e outros países da América Latina

O assunto foi debatido em painel durante o Summit Future of Nutrition, na FiSA, com presença de representante do Ministério da Saúde do Chile

FiSA | 08/08/2023

O primeiro dia do Summit Future of Nutrition, congresso científico da FiSA, abordou os resultados da nova rotulagem nutricional em países da América Latina. No Brasil, as empresas têm até o dia 09 de outubro para se adequarem às novas normas, ou seja, as empresas terão que, a partir dessa data, indicar na parte da frente de suas embalagens, por meio de um selo em formato de lupa, quando houver excesso de açúcar adicionado, sódio e/ou gordura saturada. 

O Chile foi o primeiro país a adotar a rotulagem nutricional frontal de advertências, em 2016. Alimentos e bebidas com excesso de sódio, açúcar, gordura saturada e/ou calorias passaram a levar um selo frontal em formato de octógono para indicar a presença desses componentes. A chamada Lei de Alimentos também restringiu a publicidade voltada para crianças, removeu personagens infantis das embalagens de produtos que levassem algum selo e proibiu a venda desses produtos em escolas. 

A experiência chilena foi compartilhada no Summit. Cristian Cofré, representante do Ministério da Saúde do Chile, revelou dados de uma pesquisa que mostrou que 92% dos entrevistados afirmaram valorizar a presença da rotulagem frontal nas embalagens. Além disso, 91% das mães de crianças em idade pré-escolar e 81% dos adolescentes associaram os selos de alerta a alimentos não saudáveis.

No Brasil, segundo Elaine Guaraldo, sócia diretora da Vigna Brasil Consultoria para Assunto Regulatórios, em uma pesquisa realizada com algumas empresas do setor alimentício, estas demonstraram algumas preocupações, como o aumento do custo com a produção de novas embalagens, com análises laboratoriais e com as mudanças na formulação dos produtos, entre outras.

Elaine ressaltou que o rótulo nutricional, apesar de ser um instrumento importante para educar a população em termos do que está sendo consumido, não é uma solução definitiva, embora seja necessária sua modernização e discussão pelos governos.

Por fim, ainda discutindo o tema da nova rotulagem, Dafné Didier Mota, diretor de Assuntos Regulatórios da Regoola, trouxe algumas sugestões de como se adaptar às novas regras sem cair em “armadilhas”. Dentre elas, ele citou a importância de conhecer os ingredientes do produto, de realizar análises laboratoriais, de contar com um fornecedor homologado e não ter medo da rotulagem nutricional frontal, pois ela é uma oportunidade da indústria se aproximar de seu consumidor.

Nos próximos dois dias, o Summit Future of Nutrition vai abordar os temas: Natural Ingredients: Orgânicos, Naturais e Veganos, e Health Ingredients: Funcionais e Nutracêuticos.

Publicado originalmente no FoodConnection
https://www.foodconnection.com.br/ingredientes/rotulagem-nutricional-os-impactos-no-chile-e-outros-paises-da-america-latina