Blog do IFZ | 23/04/2025
Baixe o documento “Visão para a Agricultura e o Setor Alimentar” (em Português)
Baixe o documento “Una visión de la agricultura y la alimentación” (em Espanhol)
Baixe o documento “A Vision for Agriculture and Food” (em Inglês)
União Europeia propõe nova visão para agricultura e setor alimentar com foco nas futuras gerações
A União Europeia apresentou uma nova visão para a agricultura e o setor alimentar com horizonte até 2040, buscando torná-los mais atrativos, sustentáveis e justos para as futuras gerações. O plano propõe garantir rendimentos dignos aos agricultores, fortalecer a competitividade frente aos desafios globais, promover inovação e práticas sustentáveis, além de revitalizar as zonas rurais. Com foco no diálogo e na inclusão, a estratégia visa transformar o sistema agroalimentar europeu em um pilar resiliente da identidade, da economia e da segurança alimentar do continente.
Em um momento de intensos debates sobre o papel da agricultura no enfrentamento dos desafios climáticos, econômicos e sociais, a Comissão Europeia apresentou uma comunicação ambiciosa ao Parlamento Europeu, ao Conselho e demais órgãos comunitários: o estudo intitulado “Visão para a Agricultura e o Setor Alimentar – Construir juntos uma agricultura e um setor alimentar da UE atrativos para as gerações futuras”. Trata-se de um plano abrangente que pretende redesenhar o sistema agroalimentar europeu com horizontes até 2040, reafirmando o lugar estratégico do campo na sustentação da identidade europeia e na segurança alimentar do continente.
No cerne do documento está a constatação de que a agricultura, embora fundamental, atravessa uma crise estrutural. Enfrenta o envelhecimento da população rural, a baixa rentabilidade das explorações, os impactos das mudanças climáticas e a crescente dependência externa de insumos essenciais, como fertilizantes e proteínas vegetais. Apenas 12% dos agricultores têm menos de 40 anos, e os rendimentos no campo continuam significativamente inferiores aos da média dos demais setores econômicos. O desafio central, portanto, é reconstruir a atratividade do setor — não apenas econômica, mas também social e ecológica — para as novas gerações.
A Comissão propõe, para isso, quatro pilares de transformação. O primeiro é garantir que os agricultores tenham um nível de vida justo, por meio de uma cadeia alimentar mais equitativa e do fortalecimento do papel dos produtores primários nas negociações de preço. As práticas comerciais desleais, como vendas sistemáticas abaixo do custo de produção, deverão ser combatidas com vigor, e a PAC (Política Agrícola Comum) será simplificada e melhor direcionada para os que realmente produzem e protegem o meio ambiente.
O segundo pilar busca assegurar a competitividade e a resiliência do setor frente aos choques globais, promovendo a diversificação das importações, o fortalecimento da produção interna e a construção de parcerias comerciais estratégicas. A UE quer proteger seus agricultores diante da concorrência desleal e garantir reciprocidade nas exigências sanitárias e ambientais aplicadas a produtos importados.
O terceiro eixo da estratégia está na preparação para o futuro, o que exige uma revolução verde e digital nas práticas agrícolas. Inovação, bioeconomia, energias renováveis e certificações de remoção de carbono despontam como fontes de novos rendimentos e como motores de uma transição que alia produtividade e sustentabilidade. A criação de créditos de natureza e o uso de tecnologias de agricultura de precisão mostram-se promissoras nessa frente.
Por fim, a valorização da vida rural é essencial. A visão aposta em tornar as zonas rurais e costeiras vibrantes, bem conectadas e dignas de atrair jovens e mulheres, oferecendo não apenas empregos, mas também bem-estar e perspectiva de futuro. Questões como saúde mental, segurança social, cultura alimentar e qualidade de vida foram incorporadas à agenda política como fatores decisivos para reter e atrair talentos ao campo.
Mais do que um plano técnico, o documento propõe uma nova forma de governança: baseada no diálogo constante, na participação de agricultores, consumidores, cientistas e sociedade civil, e na criação de um novo Comitê Europeu da Agricultura e do Setor Alimentar. Esse pacto de futuro pretende restaurar a confiança dos que vivem da terra e mostrar que a agricultura pode ser, simultaneamente, tradição, inovação e esperança — para o presente e para as próximas gerações.
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Estudo produzido e divulgado pela União Europeia
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=celex:52025DC0075
