Agroecologia é o caminho: políticas públicas para a Agricultura Familiar sustentável

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Blog do IFZ | 11/04/2025

Baixe aqui a publicação “Policies to support organic agriculture and agroecology in the framework of the United Nations Decade of Family Farming 2019–2028

A nova publicação da FAO para 2025 — Policies to support organic agriculture and agroecology in the framework of the United Nations Decade of Family Farming 2019–2028 — oferece uma contribuição estratégica e urgente à agenda da Década das Nações Unidas para a Agricultura Familiar (2019–2028), ao propor políticas públicas que apoiam a agricultura orgânica e agroecológica com foco nos pequenos agricultores. O documento reafirma o papel central da agroecologia na transição para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes, defendendo instrumentos legais e institucionais concretos, muitos já em prática ao redor do mundo.

Entre os destaques estão as medidas para garantir acesso à terra, fomentar cooperativas, criar mercados locais e sistemas participativos de garantia (PGS). O exemplo brasileiro é amplamente valorizado, com menção ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), aos programas PAA e PNAE e à política estadual do Paraná, que já oferta 23% da alimentação escolar com alimentos orgânicos da agricultura familiar.

Outro ponto relevante é a valorização de sistemas territoriais de alimentos, como os biodistritos italianos, a eco-região portuguesa de Idanha-a-Nova e as “aldeias orgânicas” no Japão. Tais iniciativas integram produção, consumo e desenvolvimento local, promovendo não só a sustentabilidade ambiental, mas também a inclusão econômica e a coesão social.

O documento também aponta a importância das compras públicas, da educação alimentar e de subsídios agroambientais, especialmente para jovens e mulheres. As experiências bem-sucedidas de países como México, Filipinas, Vietnã e Quênia reforçam a viabilidade de políticas integradas e contextualizadas.

O Instituto Fome Zero (IFZ) reafirma seu compromisso com a agroecologia como paradigma para transformar os sistemas alimentares. Apoiamos políticas que fortaleçam a agricultura familiar, valorizem saberes locais e promovam o direito humano à alimentação adequada. A agroecologia é mais do que um modelo produtivo: é um movimento social enraizado na justiça, na biodiversidade e na soberania alimentar.

É hora de transformar boas práticas em políticas de Estado. O futuro da alimentação saudável e do planeta passa pela escuta ativa dos agricultores familiares e pelo apoio decidido a quem cultiva com respeito à natureza e às pessoas. A transição agroecológica não é apenas possível — é essencial.