Alimentos ultraprocessados ameaçam a saúde, indica estudo do Instituto Nacional do Câncer dos EUA

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Pesquisa revela impactos dos alimentos ultraprocessados na saúde e longevidade

Blog do IFZ | 09/07/2024

Os alimentos ultraprocessados (AUP), conhecidos pelo alto teor de gorduras saturadas, açúcares adicionados e aditivos, têm se tornado presença constante em supermercados e lanchonetes. A popularidade desses alimentos não se deve apenas ao sabor, mas também à criação de um vício alimentar que ultrapassa meras preferências gustativas.

Segundo um novo estudo do Instituto Nacional do Câncer dos EUA (NCI), o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, como carnes processadas e refrigerantes, está associado a um risco significativamente maior de mortalidade em comparação com aqueles que consomem esses alimentos em menores quantidades.

O estudo ora publicou, teve início em 1995, quando o NCI lançou o “NIH-AARP Diet and Health Study”, um estudo de caso que foi e continua sendo o maior estudo prospectivo aprofundado que examina a relação entre dieta, estilo de vida e risco de câncer. Em parceria com a AARP, mais de 567 mil idosos americanos participaram no estudo que ajudou a redefinir a investigação sobre dieta e saúde.

Muitas das conclusões do estudo também mudaram a percepção do público sobre o câncer e a dieta alimentar, incluindo a relação entre beber café e um menor risco de morrer de doenças cardíacas, respiratórias, acidentes vasculares cerebrais, lesões e acidentes, diabetes e infecções.

O estudo “NIH-AARP Diet and Health Study” está disponível para consulta em https://dceg.cancer.gov/research/who-we-study/nih-aarp-diet-health-study#study-results-select-publications

Os 10 alimentos ultraprocessados mais perigosos:

  1. Bebidas açucaradas
  2. Lanches embalados (conhecido como salgadinhos, como batatas fritas, por exemplo)
  3. Biscoitos
  4. Fast-food
  5. Cereais adoçados
  6. Salsichas
  7. Carnes processadas (salsichas)
  8. Nuggets de frango
  9. Bolos
  10. Sorvetes

Impactos na saúde e expectativa de vida

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou relatório sobre o consumo de alimentos ultraprocessados na América Latina. O documento revelou que, embora os países mais ricos sejam os maiores consumidores em termos de volume, o consumo de ultraprocessados aumentou mais de 50% nos países de baixa renda entre 2000 e 2013.

O Brasil ocupa a 34ª posição no ranking mundial de venda per capita de alimentos e bebidas ultraprocessados. Ana Paula Bortoletto, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, prevê que, até 2024, o preço dos ultraprocessados será inferior ao dos alimentos in natura e minimamente processados, o que provavelmente resultará em um aumento das vendas desses produtos.

O estudo do Instituto Nacional do Câncer dos EUA acompanhou mais de meio milhão de adultos americanos ao longo de 23 anos. Os resultados mostraram que os adultos que consumiram maiores quantidades de AUP tinham cerca de 10% mais probabilidade de morrer em comparação com aqueles que consumiram menos.

Doenças relacionadas aos alimentos ultraprocessados

A ingestão elevada de alimentos ultraprocessados foi associada a um aumento moderado de mortes por todas as causas e, especificamente, por doenças cardíacas e diabetes. Contudo, não foi encontrada uma associação com mortes relacionadas ao câncer.

“Os resultados do nosso estudo indicam que a ingestão de alimentos ultraprocessados ​​afeta negativamente a saúde e a longevidade”, afirmou Erikka Loftfield, pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer.

Fatores adicionais e recomendações

As bebidas dietéticas, que contêm adoçantes artificiais, também são consideradas AUP e estão associadas a um risco aumentado de morte prematura por doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde. O consumo de carnes processadas, como hambúrgueres e bacon, também não é recomendado, pois está relacionado a cânceres e doenças cardíacas.

Apesar dos resultados significativos, o estudo é observacional e não pode provar definitivamente que os AUP causam mortes prematuras. No entanto, os dados reforçam a necessidade de uma dieta rica em alimentos integrais e minimamente processados.

“A melhor maneira de limitar os alimentos ultraprocessados é escolher opções minimamente processadas e verificar os níveis de sódio e açúcares adicionados nas informações nutricionais dos rótulos”, concluiu Loftfield.

Fontes: Division of Cancer Epidemiology & Genetics of National Cancer Institute e Jornal da USP