As capitais mundiais da obesidade

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Um novo estudo mostra que as “cinturas” estão se alargando em quase todos os lugares

The Economist | 01/03/2024

Não faz muito tempo, a maioria das pessoas no mundo comia muito pouco do que come hoje em dia. No tempo presente a balança pendeu para o lado oposto. Um estudo publicado em 29 de fevereiro na Lancet, uma revista médica, mostra que mais de 1 bilhão de pessoas foram classificadas como obesas em 2022, último ano para o qual há dados disponíveis. Os pesquisadores basearam suas descobertas em medidas de peso e altura de mais de 220 milhões de pessoas de aproximadamente 190 países. Eles descobriram que as taxas de obesidade dobraram entre os adultos desde 1990 e quadruplicaram entre crianças e adolescentes.

O mapa abaixo mostra quais países têm as taxas mais altas.

Heavy horizons

A obesidade é normalmente determinada pela razão entre o peso (em kg) e o quadrado da altura (em metros), conhecida como índice de massa corporal (IMC). Neste estudo, um IMC acima de 30 é considerado obeso. A medida é imperfeita (a maioria dos fisiculturistas, por exemplo, seria classificada como obesa devido ao peso de seus músculos, apesar de ter muito pouca gordura corporal). No entanto, é uma regra prática útil. Estudos demonstraram que a maioria das pessoas com IMC acima de 30 tem uma probabilidade significativamente maior de sofrer de doenças como diabetes do que aquelas com IMC de 23. Também se sabe que um IMC mais alto aumenta o risco de mais de uma dúzia de tipos de câncer. Por essas e outras razões, acredita-se que a obesidade mate cerca de 4 milhões de pessoas por ano.

A análise revela taxas de obesidade mais altas em países de baixa e média renda do que em muitos países de alta renda. Mais de 60% dos adultos na Polinésia e na Micronésia estavam vivendo com obesidade em 2022 – a taxa mais alta do mundo. É provável que isso seja resultado de mudanças nas dietas e de uma cultura que valoriza o tamanho. Tonga teve a taxa mais alta para mulheres (81% foram consideradas obesas); Samoa Americana teve a mais alta para homens (70%). Os países da África e do Oriente Médio, historicamente associados à subnutrição, agora também estão lutando contra o ganho de peso.

A Turquia foi a capital da obesidade na Europa para as mulheres, com uma taxa de 43%. Para os homens, foi a Romênia, com 38%. As mulheres e os homens franceses eram os mais magros da região – apenas 10% eram considerados obesos. As taxas eram quatro vezes mais altas nos Estados Unidos, onde 44% das mulheres e 42% dos homens tinham um IMC acima de 30.

Tipping the scale

As taxas globais de obesidade agora excedem significativamente a parcela de adultos que estão abaixo do peso (um IMC abaixo de 18,5). Esse número também está aumentando para crianças e adolescentes. O estudo constatou que as crianças obesas superam em número as que estão abaixo do peso em dois terços dos países estudados. Nos países ricos, a obesidade infantil está concentrada nas famílias pobres. Porém, nos países pobres, é um problema da classe média – portanto, à medida que a renda média aumenta, mais crianças estão entrando na categoria de sobrepeso. Muitos países pobres estão enfrentando agora uma “epidemia dupla” de desnutrição e obesidade.

Childhood issues

O fato de tantas pessoas estarem lutando contra seu peso mostra que a obesidade é mais do que uma questão de força de vontade alimentar. O corpo humano evoluiu para sobreviver a invernos e fomes: ele foi projetado para se agarrar ao peso corporal e resistirá aos esforços para perdê-lo. Uma superabundância de alimentos baratos e ultraprocessados também tem desencadeado o consumo excessivo de alimentos, assim como os estilos de vida se tornaram mais sedentários. Os medicamentos para perda de peso estão começando a chegar, mas continuam proibitivamente caros para a maioria das pessoas. Com o tempo, eles podem começar a ajudar os países a reduzir seus problemas de obesidade. Mas, para reverter essas tendências, será necessário evitar que mais crianças e adultos engordem. Isso exigirá a intervenção dos governos, o que será difícil de ser aceita tanto pelos políticos quanto pelos eleitores.

Baixe aqui o estudo “Worldwide trends in underweight and obesity from 1990 to 2022: a pooled analysis of 3663 population representative studies with 222 million children, adolescents, and adults” publicado na Revista Lancet, que deu origem a esta matéria

Traduzido pelo Blog do IFZ

Publicado na The Economist
https://www.economist.com/graphic-detail/2024/03/01/the-obesity-capitals-of-the-world