As Foodtechs no Sistema Alimentar Sustentável

Por Kamila Guimarães Schneider e Sergio Schneider | Dezembro de 2023

Novas formas de fazer e comer

Inúmeros especialistas têm convergido na identificação de mudanças tecnológicas que podem revolucionar o sistema agroalimentar. Tais mudanças vão desde a produção, com a agricultura de precisão, utilização de drones para monitoramento, criação de biofertilizantes e aplicativos que detectam pragas, problemas no solo e na irrigação, passando pelo processamento de alimentos, onde, em meio a tecnologias cada vez mais digitais e mecanizadas, a terra torna-se um coadjuvante (Wilkinson, 2023), até chegar na distribuição e no consumo final, em que alimentos são entregues prontos para serem consumidos nas casas das pessoas com apenas um clique, tendo os aplicativos em dispositivos móveis como intermediadores.

Assim, é perceptível que os alimentos “techs” estão se tornando cada vez mais independentes da terra, tendo os laboratórios e centros de Tecnologia de Informação um novo espaço para “cultivo” (agricultura) e “criação” (pecuária).

Segundo a pesquisadora da Universidade de Tecnologia de Varsóvia, Agnieszka Skala (2019), as startups devem passar pelas fases inicial, de expansão e maturidade para se consolidarem no mercado. A fase inicial consiste na identificação de uma lacuna de mercado e desenvolvimento de uma ideia que visa solucionar esse problema, tendendo a ser a fase mais numerosa em relação à população das startups, muitas das quais possuem recursos limitados e insuficientes, necessitando de financiamentos para conseguirem desenvolver-se.
É nessa fase que podemos perceber a importância do estabelecimento de redes e a intercomunicação entre diversos atores do ecossistema de inovação, sejam eles do sistema agroalimentar ou relacionados ao mercado financeiro e redes de pesquisadores.
A fase de expansão, por sua vez, visa o crescimento da startup e constitui o processo intermediário.
Segundo a autora, menos de 15% das startups chegam a atingir a fase madura, que é caracterizada pela hiperescalabilidade. Aquelas que atingem essa fase podem se tornar “unicórnios”1 ou mesmo serem confundidas com empresas convencionais e consolidadas.


Este texto integra a série Futuros Alimentares Sustentáveis produzida pelo Grupo de Pesquisa em Sociologia das Práticas Alimentares (Sopas) com apoio do Instituto Ibirapitanga. As opiniões emitidas são de exclusiva responsabilidade das autoras.

O grupo SOPAS é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e reúne pesquisadores(as), professores(as) e estudantes que se dedicam a três linhas de trabalho: i. Dietas alimentares; ii. Inovações nos sistemas alimentares; iii. Movimentos sociais, justiça e democracia alimentar.

Kamila Guimarães Schneider é doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Sergio Schneider é Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Baixe aqui o estudo “As Foodtechs no Sistema Alimentar Sustentável” completo, em formato pdf