A World Obesity Federation alerta para aumento acelerado e falta de políticas públicas eficazes
Blog do IFZ | 19/05/2025
A maioria dos países do mundo não tem planos nem políticas suficientes para lidar com o aumento dos níveis de obesidade, alertam os pesquisadores da World Obesity Federation . Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado no Dia Mundial da Obesidade (4 de março), o número de adultos que vivem com obesidade deverá crescer mais de 115% entre 2010 e 2030, passando de 524 milhões para 1,13 bilhão.
A entidade pede aos governos que enfrentem a obesidade como uma questão de toda a sociedade, adotando políticas que envolvam rotulagem e tributação de alimentos, criação de ambientes urbanos que incentivem a atividade física e fortalecimento dos sistemas de saúde para oferecer cuidados centrados nas pessoas.
Segundo os dados, a obesidade e o sobrepeso estão por trás de 1,6 milhão de mortes prematuras por doenças não transmissíveis, como diabetes tipo 2, câncer, doenças cardíacas e derrames. Em 2021, esses óbitos superaram o total de mortes por acidentes de trânsito, que foi de 1,2 milhão. Além das mortes, a obesidade compromete a qualidade de vida de milhões: 44 milhões de anos vividos com doenças evitáveis foram diretamente atribuídos ao excesso de peso. No caso do diabetes tipo 2, esse número chega a 55% dos anos vividos com incapacidades.
O crescimento da obesidade mais grave, a chamada Classe II e acima (índice de massa corporal superior a 35 kg/m²), é particularmente alarmante. O número de pessoas nessa faixa deve mais do que dobrar até 2030, passando de 157 milhões para 385 milhões de adultos. Os aumentos estão ocorrendo com maior velocidade em países de baixa e média renda, que frequentemente têm os sistemas de saúde menos preparados para enfrentar o problema. Os dados por região mostram saltos expressivos:
- África: de 11,8 milhões para 37,2 milhões (aumento de 215,25%);
- Américas: de 63 milhões para 136 milhões (115,87%);
- Mediterrâneo Oriental: de 21,6 milhões para 68 milhões (214,81%);
- Europa: de 41,3 milhões para 63 milhões (52,54%);
- Sudeste Asiático: de 9,3 milhões para 37,3 milhões (301,07%);
- Pacífico Ocidental: de 9,3 milhões para 43 milhões (362,36%).
Nesse cenário, a World Obesity Federation avaliou a presença de cinco políticas-chave para o controle da obesidade: impostos sobre bebidas açucaradas, sobre alimentos ultraprocessados, subsídios a alimentos saudáveis, restrições ao marketing de alimentos para crianças e incentivos à atividade física. O diagnóstico é preocupante: 126 dos 194 países analisados não adotaram nenhuma ou apenas uma dessas medidas. Além disso, 67 países não têm sequer um sistema público minimamente estruturado para enfrentar a obesidade. Apenas 13 países apresentaram nível adequado de prontidão dos sistemas de saúde.
Os autores do relatório alertam que a existência de políticas no papel não garante sua efetiva implementação, sobretudo em países com poucos recursos. O Atlas 2025 oferece apenas uma fotografia do momento atual e reforça que uma resposta eficaz exige mudanças sistêmicas, com ação coordenada dos governos e da sociedade civil.
Simón Barquera, presidente da World Obesity Federation , foi enfático ao afirmar:
“A obesidade está aumentando, e muitos países não estão preparados para lidar com esse problema cada vez mais sério. Trata-se de uma doença grave, que por si só já representa risco de morte, além de ser causa de várias outras enfermidades. Mais pessoas morrem de obesidade do que em acidentes de trânsito todos os anos.”
“Ficaríamos horrorizados se um país não tivesse uma política para reduzir mortes nas estradas. No entanto, muitos governos não têm um plano sério para combater a obesidade.”
No Dia Mundial da Obesidade de 2025, a World Obesity Federation lança o apelo “Mudança de sistemas, vidas mais saudáveis”, defendendo uma abordagem multissetorial e sustentável. As medidas sugeridas incluem:
- Incentivos à atividade física nas cidades;
- Formação de profissionais de saúde para lidar com a obesidade com empatia e ciência;
- Combate ao estigma social ligado ao peso;
- Reformas fiscais e regulatórias para frear o consumo de produtos não saudáveis.
A obesidade é uma das maiores ameaças à saúde global no século XXI. O avanço rápido da doença, sobretudo em países com menos infraestrutura, torna urgente uma resposta corajosa, estruturada e baseada em evidências. O alerta está lançado. A questão agora é: o mundo terá coragem de agir antes que seja tarde demais?
Baixe aqui o “Atlas Mundial da Obesidade 2025” (em Português)
