Insegurança alimentar recua 31% no país

Número de pessoas que passam fome cai de 33 milhões no primeiro trimestre de 2022 para 20 milhões no quarto trimestre de 2023

Por Jéssica Sant’Ana no Valor Econômico | 12/03/2024

O número de pessoas com insegurança alimentar moderada e grave no país caiu 30,7% entre o primeiro trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2023, de 65 milhões para 45 milhões de pessoas nessa situação, segundo estudo do Instituto Fome Zero (IFZ).

Considerando apenas o número de pessoas com insegurança alimentar grave (que passam fome), a queda foi de quase 40%, ao cair de 33 milhões de pessoas que passavam fome no primeiro trimestre de 2022 para 20 milhões no quarto trimestre de 2023.

Para os autores do estudo, alguns fatores podem ter influenciado a redução da insegurança alimentar no primeiro ano do governo Lula: queda da inflação e do desemprego, correção do salário-mínimo acima da variação da inflação e aumento do valor do Bolsa Família e do número de famílias recebendo o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Ainda assim, o estudo mostra que o percentual de pessoas passando fome no país era de 9,2% ao fim do ano passado, e de 20,7%, quando considerando insegurança alimentar moderada mais a grave.

O estudo foi solicitado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e divulgado nesta segunda-feira (11), num momento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobra o governo para baixar os preços da energia e dos alimentos.

“Meus ministros de Minas e Energia e da Fazenda sabem que uma das coisas que temos que fazer é baixar o preço da energia para o povo, do arroz, do feijão. Baixar o preço daquilo que vai na mesa do povo trabalhador”, disse em entrevista ao jornal SBT Brasil.

A preocupação vem num momento em que as pesquisas de opinião mostram uma queda da popularidade do governo Lula, o que tem incomodado o presidente. Segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada, 38% dos entrevistados afirmam que a economia piorou nos últimos 12 meses. Em dezembro, esse percentual era de 31%. Especificamente sobre o preço de alimentos, 73% afirmaram que os preços subiram.

Conforme mostrou o Valor, Lula encomendou ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e à Conab um conjunto de medidas para tentar reduzir os preços de alguns alimentos. Um dos itens estudados é a possibilidade de reduzir PIS e Cofins de alguns produtos.

O estudo do IFZ foi feito a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE. A partir dessa base de dados e também levando em consideração a Pesquisa de Orçamento das Famílias (POF) de 2018, os pesquisadores produziram modelos matemáticos para estabelecer a probabilidade de uma família estar ou não em situação alimentar.

O trabalho destaca que a opção ideal para medir o nível de fome no país seria aplicar a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) em pesquisas regulares do IBGE, o que não foi possível. Os pesquisadores também lembram que não foi possível realizar uma pesquisa amostral de menor porte e, portanto, os modelos matemáticos foram utilizados, “porém estando sujeitos a erros de estimativas”, ressalvam os autores Mauro Del Grossi e João Pedro Magro, que assinam o levantamento.

Publicado originalmenet no Valor Econômico
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/03/12/inseguranca-alimentar-recua-31-no-pais.ghtml

Leia o estudo completo em https://ifz.org.br/evolucao-da-seguranca-alimentar-e-nutricional-no-brasil-indicadores-macroeconomicos-precos-de-alimentos-e-perspectivas-futuras/