Obesidade global: estudo revela mais de um bilhão de afetados

Aumento alarmante nas taxas de obesidade em todas as faixas etárias preocupa autoridades de saúde

Blog do IFZ | 01/03/2024

Um estudo amplo conduzido pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo estão vivendo com obesidade. O relatório, recentemente publicado na prestigiada revista científica “The Lancet“, analisou dados de 3.663 pesquisas científicas realizadas entre 1990 e 2022 em 200 países e territórios.

Durante as últimas três décadas, as taxas de obesidade entre crianças e adolescentes quadruplicaram, enquanto entre os adultos mais do que dobraram. Em 2022, 43% dos adultos estavam acima do peso, com 159 milhões de crianças e adolescentes e 879 milhões de adultos vivendo com obesidade naquele ano. Esse cenário representa que uma em cada oito pessoas no planeta enfrenta essa condição.

Além de destacar o aumento alarmante da obesidade, o relatório também examinou as taxas de baixo peso ao longo dos anos estudados, observando uma diminuição significativa em crianças, adolescentes e adultos afetados. Os pesquisadores alertam que tanto a obesidade quanto o baixo peso representam formas de desnutrição prejudiciais à saúde, demandando uma atenção urgente das autoridades de saúde e da sociedade em geral.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou a importância de ações coordenadas para combater a obesidade, desde a infância até a idade adulta, destacando a necessidade de dieta, atividade física e cuidados adequados.

“Atingir as metas globais para conter a obesidade exigirá esforços conjuntos de governos, indústrias e comunidades, respaldados por políticas baseadas em evidências da OMS e agências nacionais de saúde pública”, afirmou Ghebreyesus.

Atlas Mundial da Obesidade 2024

O aguardado Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation | WOF), trouxe à tona dados alarmantes sobre a situação global do sobrepeso e da obesidade. O relatório, divulgado recentemente, compilou informações de 186 nações, destacando os 20 países com as maiores taxas de adultos afetados, baseando-se nos dados de 2020.

O Atlas utiliza o Índice de Massa Corporal (IMC) como critério de classificação, onde um IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso, enquanto um IMC acima de 30 é considerado obesidade.

Os resultados revelam que todos os países analisados enfrentam desafios significativos relacionados ao alto índice de IMC. Projeções alarmantes da WOF sugerem que até 2035, o sobrepeso e a obesidade podem afetar um total de 3,3 bilhões de adultos em todo o mundo.

O Atlas Mundial da Obesidade 2024 oferece informações cruciais sobre a gravidade desse problema global e destaca a urgência de ações coordenadas em nível internacional para enfrentar essa crescente epidemia. As taxas de obesidade foram destacadas em uma lista dos 20 países com maior prevalência de sobrepeso e obesidade em adultos, tanto em homens quanto em mulheres, revelando a amplitude e a gravidade desse desafio de saúde pública.

Esses dados exigem uma resposta robusta por parte dos governos, das instituições de saúde e da sociedade em geral, visando abordagens preventivas e políticas eficazes para lidar com essa preocupante questão de saúde global.

Obesidade pode afetar metade das crianças e adolescentes brasileiros até 2035

O Atlas Mundial da Obesidade 2024 expõe um cenário preocupante para o futuro da juventude brasileira: até 2035, metade das crianças e adolescentes do país poderá ser afetada pela obesidade. Segundo o estudo, em 2020, aproximadamente 35% da população entre 5 e 19 anos já apresentava excesso de peso, totalizando 15,58 milhões de jovens. A projeção indica que esse número pode alcançar 20 milhões em 2035, o que representa uma cifra alarmante.

Os dados, divulgados pela Federação Mundial de Obesidade (WOF), baseiam-se na análise do Índice de Massa Corporal (IMC) para avaliar o sobrepeso e a obesidade. No Brasil, estima-se que a porcentagem de crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade aumente significativamente se medidas eficazes não forem implementadas.

O documento ressalta que nenhum local do mundo está imune aos impactos da obesidade, sendo que os menos favorecidos são os mais afetados, e em idades cada vez mais jovens.

Globalmente, as projeções da WOF indicam um aumento expressivo no número de jovens afetados pela obesidade até 2035. O estudo sugere que, se as tendências atuais persistirem, 770 milhões de jovens estarão vivendo com sobrepeso e obesidade, representando um aumento de 22% em relação a 2020.

O presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Bruno Halpern, destaca as sérias consequências a longo prazo da obesidade na infância para a saúde.

“Crianças e adolescentes com obesidade têm maior probabilidade de desenvolver doenças como diabetes tipo 2 na vida adulta, acidente vascular cerebral, hipertensão, câncer colorretal e doença cardíaca coronária”, alerta.

O relatório também sublinha o aumento alarmante das taxas de obesidade entre crianças e adolescentes ao longo das últimas três décadas. Em todo o mundo, essas taxas quadruplicaram, o que representa uma preocupação séria para a saúde pública.

A análise destaca a necessidade urgente de abordagens preventivas e políticas de saúde eficazes para enfrentar essa epidemia global de obesidade, que impacta não apenas o Brasil, mas também todo o mundo.

Atlas Mundial da Obesidade 2024: os 20 países com maior prevalência de sobrepeso e obesidade em adultos

Top 20 países – homens

  1. Tonga – 80%
  2. Samoa – 79%
  3. Estados Unidos – 79%
  4. Malta – 78%
  5. Kuwait – 77%
  6. Nova Zelândia – 76%
  7. Austrália – 76%
  8. Israel – 76%
  9. Catar – 76%
  10. Canadá – 76%
  11. Arábia Saudita – 75%
  12. Espanha – 75%
  13. Reino Unido – 74%
  14. Jordânia – 74%
  15. República Tcheca – 74%
  16. Grécia – 74%
  17. Bulgária – 73%
  18. Líbano – 73%
  19. Islândia – 73%
  20. Montenegro – 73%

Top 20 países – mulheres

  1. Tonga – 87%
  2. Samoa – 86%
  3. Kuwait – 79%
  4. Jordânia – 78%
  5. Arábia Saudita – 78%
  6. Catar – 77%
  7. Turquia – 76%
  8. Líbia – 75%
  9. Líbano – 75%
  10. Omã – 74%
  11. Emirados Árabes Unidos – 74%
  12. Egito – 74%
  13. Bahamas – 73%
  14. Fiji – 73%
  15. Iraque – 73%
  16. Argélia – 73%
  17. Tunísia – 72%
  18. Bahrein – 72%
  19. Irã – 72%
  20. México – 31%

O relatório também comparou os índices de obesidade e sobrepeso em países de baixa e média renda com países de alta renda entre os anos de 2020-2035:

  • A % de adultos com IMC elevado vivendo em países de baixa e média renda pode chegar a 79% em 2035, contra 21% em países de alta renda.
  • A % de adultos com obesidade vivendo em países de baixa e média renda pode chegar a 74% em 2035, contra 26% em países de alta renda.

Baixe aqui o estudo “World Obesity Atlas 2024“, em Inglês, em formato pdf