Brasil redesenha os ambientes alimentares escolares

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Blog do IFZ | 12/10/2025

Um artigo publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas analisa a experiência brasileira na transformação dos ambientes alimentares escolares como uma inovação institucional de alcance inédito na América Latina. Intitulado Redesigning school food environments in Brazil: public sector innovation to protect children and adolescents and promote food and nutrition security, o estudo mostra como o país vem enfrentando a crescente presença de alimentos ultraprocessados nas escolas — um problema que ameaça tanto a saúde das crianças quanto as políticas de segurança alimentar.

Segundo os autores, o Decreto nº 11.821/2023 estabelece um novo marco regulatório ao definir princípios e diretrizes para promover a alimentação adequada e saudável em escolas públicas e privadas. O decreto se apoia em três pilares: educação alimentar e nutricional nas práticas pedagógicas; regulação da venda e doação de alimentos, com prioridade para os in natura e minimamente processados; e controle da publicidade dirigida ao público infantil. A medida reforça o papel da escola como espaço de proteção social e de formação de hábitos alimentares saudáveis desde a infância.

O artigo destaca que o Brasil, que já conta com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)o maior do mundo, atendendo mais de 40 milhões de estudantes —, avançou ainda mais ao criar uma rede de apoio técnico descentralizado, liderada pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN/MDS). Essa rede atua em 50 cidades e 13 estados, oferecendo suporte jurídico, técnico e político para que os governos locais desenvolvam suas próprias regulamentações. Já há resultados concretos: 25 municípios e estados aprovaram, ou estão em processo de aprovar, leis e decretos que protegem mais de 21 milhões de estudantes da exposição a ultraprocessados.

O estudo também reconhece que a indústria de alimentos ultraprocessados tem tentado influenciar legislações e diluir restrições, o que reforça a importância da mobilização social e da coerência ética nas políticas públicas.

Assinado por Felipe Silva Neves, Lilian Rahal, Patrícia Chaves Gentil, Gisele Bortolini, Ana Maria Cavalcante de Lima, entre outros técnicos do MDS e pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o artigo representa um raro exemplo de cooperação entre Estado e academia. Os autores destacam que a experiência brasileira, articulada com a estratégia Alimenta Cidades, está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Década de Ação pela Nutrição (2016–2025), servindo de modelo para outros países da região.

Baixe aqui o artigo “Redesigning school food environments in Brazil: public sector innovation to protect children and adolescents and promote food and nutrition security