Blog do IFZ | 03/07/2025
Na longa trajetória do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Brasil consolidou uma política pública que vai muito além de fornecer refeições nas escolas. O PNAE tornou-se referência internacional em Segurança Alimentar e Nutricional ao conectar alimentação saudável, cultura alimentar, desenvolvimento local e educação. Com a promulgação da Lei nº 11.947/2009, o programa ganhou um novo marco: passou a priorizar a aquisição de alimentos da agricultura familiar, valorizando práticas sustentáveis, saberes tradicionais e os direitos das populações do campo, das florestas e das águas.
É nesse contexto que foi criada a coleção “Nossa Escola com Comida de Verdade”, composta por três volumes voltados para públicos distintos, mas complementares. Agricultores e agricultoras familiares, gestores(as) públicos e nutricionistas, e a comunidade escolar — todos são protagonistas dessa transformação que leva alimentos orgânicos e agroecológicos aos pratos de milhões de estudantes brasileiros.
As cartilhas apresentam caminhos, conceitos e experiências concretas para fortalecer o papel do PNAE como promotor do direito à alimentação adequada e saudável, fomentador da agroecologia e da agricultura familiar, e agente educativo no cotidiano das escolas.
Volume 1 – Agricultura Familiar: Produzindo Alimentos para a Escola e para a Vida
O primeiro volume da coleção é dedicado aos agricultores e agricultoras familiares — os grandes responsáveis por transformar o direito à alimentação em realidade concreta. Este material apresenta os fundamentos legais e operacionais que garantem a inserção da produção familiar no PNAE, destacando o papel estratégico da agricultura familiar, especialmente de comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas e assentados da reforma agrária.
A cartilha traz orientações práticas para participar das chamadas públicas, destaca os tipos de alimentos prioritários e explica os mecanismos de garantia da qualidade orgânica e agroecológica. Ao mostrar que a produção de base sustentável é não só possível, mas necessária, este volume também valoriza os saberes do campo, dialoga com a agroecologia e reforça o compromisso com uma alimentação escolar de verdade: fresca, local, diversa e saudável.
Volume 2 – Gestores e Nutricionistas: Planejamento e Ação na Alimentação Escolar
O segundo volume é voltado a quem planeja, coordena e executa o PNAE nas redes públicas de ensino: gestores(as) e nutricionistas. Mais do que cumprir uma obrigação legal, inserir alimentos orgânicos e agroecológicos na alimentação escolar é uma oportunidade de promover saúde, fortalecer a agricultura local e dialogar com a cultura alimentar dos territórios.
Este volume oferece subsídios técnicos e normativos para orientar o processo de compra institucional, desde o planejamento dos cardápios até a execução das chamadas públicas. Também discute os desafios da aquisição de alimentos de base agroecológica, como a identificação e certificação desses produtos, e propõe estratégias para superar o desconhecimento e ampliar a presença desses alimentos nos cardápios escolares. Com informações claras e acessíveis, esta cartilha busca contribuir para que o PNAE continue sendo uma ponte entre o campo e a escola, promovendo um futuro mais justo e saudável.
Volume 3 – Comunidade Escolar: Aprender com a Alimentação Saudável
O terceiro volume é dirigido à comunidade escolar — professoras e professores, estudantes, famílias e demais educadores(as) que convivem diariamente com a alimentação nas escolas. Alimentar-se é um ato biológico, cultural, social e político. Por isso, este volume propõe que a alimentação escolar também seja um espaço educativo, capaz de fomentar reflexões sobre sustentabilidade, saúde, território e justiça social.
A cartilha apresenta conceitos fundamentais sobre alimentação saudável, agricultura familiar, agroecologia e alimentos orgânicos. Traz ainda sugestões de atividades pedagógicas que podem ser desenvolvidas em sala de aula, conectando currículo escolar e cotidiano alimentar. O objetivo é mobilizar os diversos sujeitos escolares para que compreendam a importância do PNAE e participem ativamente da construção de uma cultura alimentar mais consciente, crítica e conectada ao território.
Comida de Verdade nas Escolas: Um Compromisso Coletivo
“Nossa Escola com Comida de Verdade” é mais do que uma coleção de cartilhas. É uma ferramenta de articulação entre campo e cidade, produção e consumo, política pública e educação. É um convite à ação coletiva para que o alimento servido nas escolas seja, de fato, expressão da dignidade, do cuidado e da soberania alimentar.
Com diálogo, compromisso e articulação entre todos os envolvidos, é possível transformar a alimentação escolar em uma experiência de aprendizagem viva, inclusiva e transformadora — para nossas crianças, para quem planta e para o país.



